31 anos sem Senna: da batida à morte, veja minuto a minuto do acidente

31 anos sem Senna: da batida à morte, veja minuto a minuto do acidente

A morte de Senna, no acidente de 1994, parou o Brasil e comoveu o planeta. Seu nome segue como símbolo de talento, coragem e paixão pelo esporte

1º de maio de 1994, a data que ficou na memória de todo brasileiro, especialmente dos fãs de Fórmula 1. Naquele dia, acontecia o GP de San Marino, em Imola — aquele que viria a ser o último da vitoriosa carreira de Ayrton Senna.

Morte de Ayrton Senna: RELEMBRE como foi o julgamento

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O fim de semana do Grande Prêmio de San Marino de 1994 já estava marcado por tragédias antes do acidente fatal de Senna. No sábado, o estreante austríaco Roland Ratzenberger morreu durante a classificação, após um acidente em alta velocidade na curva Villeneuve.

Hoje, 31 anos depois, a memória de Senna segue viva não apenas no Brasil, mas em todo o imaginário popular dos fãs de esporte, indo além das disputas automobilísticas.

As corridas de domingo raramente voltaram a ter o brilho que possuíam ao longo da carreira daquele que é considerado o maior piloto da história. Senna morreu aos 34 anos de idade.

31 anos sem Senna: preocupações sobre o desempenho do carro

Senna estreou na F1 com a Toleman em 1984 e se transferiu para a Lotus no ano seguinte. Após ir para a McLaren em 1988, alcançou o auge da carreira, conquistando os campeonatos mundiais de 1988, 1990 e 1991.

Para a temporada de 1994, Senna assinou com a Williams, equipe que havia apresentado bom desempenho no ano anterior.

Ele esperava conquistar vitórias com a nova equipe, mas os carros de F1 haviam ado por grandes mudanças após a proibição dos recursos eletrônicos de assistência — que anteriormente ajudavam os pilotos nas pistas.

Sem esses recursos, não havia controle de tração, freios especiais ou suspensão eletrônica.

Em uma entrevista de arquivo apresentada no documentário de 2010 Senna: O Brasileiro, O Herói, O Campeão, o brasileiro afirmou que o carro parecia “imediatamente menos estável sem a suspensão eletrônica” e mais difícil de pilotar, o que fazia com que ele girasse e saísse da pista.

Na época do GP de San Marino, terceira corrida da temporada de 1994, o carro ainda apresentava dificuldades de dirigibilidade, e Senna se sentia desconfortável ao pilotá-lo.

Imagens feitas durante os treinos da sexta-feira, 29 de abril de 1994, mostram Senna relatando à equipe Williams problemas com o equilíbrio do carro.

31 anos sem Senna: fim de semana de graves acidentes com mortos e ferido

Durante os treinos livres de sexta-feira, Rubens Barrichello — protegido de Senna — sofreu um grave acidente, embora tenha sobrevivido. Após testemunhar o ocorrido, Senna ainda estabeleceu o tempo mais rápido na classificação.

No entanto, ele reservou um tempo extra para revisar seu carro por questões de segurança, possivelmente abalado pelo acidente de Barrichello.

No dia seguinte, outro acidente trágico ocorreu durante a classificação, levando à morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger. No domingo, Senna havia colocado uma bandeira austríaca no carro, provavelmente com a intenção de homenageá-lo caso vencesse a corrida.

Outra colisão ocorreu logo no início da corrida de domingo, fazendo com que o safety car fosse acionado para a retirada dos destroços na pista.

31 anos sem Senna: a cronologia do acidente minuto a minuto

Senna marcou a terceira volta mais rápida da corrida na sexta volta. Na sétima, ao se aproximar da curva Tamburello, seu carro saiu da linha de corrida.

Ele bateu em linha reta contra uma barreira de concreto sem proteção. A entrada na curva foi feita a 309 km/h, e Senna ainda tentou frear, mas colidiu a 211 km/h. O impacto arrancou o nariz e a roda dianteira do carro, que ricocheteou no muro e girou até parar.

Cronologia do acidente segundo o portal Grande Prêmio:

  • 14h16 (9h16): Senna a pela reta dos boxes e abre o sétimo giro. Ao chegar na curva Tamburello, trecho de altíssima velocidade, a reto e bate forte no muro.
  • 14h17 (9h17): Do momento da forte batida de Senna até o acionamento da bandeira vermelha pela direção de prova, a-se 1min. Depois, são quase mais 60s até o atendimento médico iniciar os primeiros socorros ainda na pista de Ímola — ou tentar, uma vez que houve dificuldade para tirar o piloto de dentro do cockpit.

  • 14h33 (9h33): São cerca de 20 minutos de trabalho intenso da equipe médica no local do acidente até Senna ser posto no helicóptero e levado ao Hospital Maggiore, em Bolonha.

  • 14h44 (9h44): Senna dá entrada no centro de reanimação do Maggiore. Após tomografias realizadas, Franco Baldoni, chefe do departamento cirúrgico, informa que os danos cerebrais que o brasileiro sofreu por conta da batida não podem ser sanados por procedimentos cirúrgicos. Exames posteriores demonstram que Senna não sofreu nenhuma lesão torácica, tampouco enfrenta problemas respiratórios — a gravidade de seu quadro clínico se dá unicamente por questões neurológicas.

  • 15h26 (10h26): A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) informa que Senna deu entrada no Hospital Maggiore, em Bolonha, vivo e foi levado diretamente para o setor de reanimação para receber cuidados intensivos.

  • 15h54 (10h54): A agência de notícias espanhola EFE informa que Senna sofreu traumatismo craniano e parada cardíaca ainda na pista de Ímola, sendo reanimado e submetido a uma traqueostomia para auxiliar na respiração.

  • 16h30 (11h30): O estado de saúde de Ayrton Senna é considerado “muito grave” pelos médicos do Hospital Maggiore. Após dar entrada no local às 9h44 (de Brasília), o boletim médico confirma que o tricampeão teve traumatismo craniano e está em coma. Além disso, apresenta quadro de choque hemorrágico.

  • 17h55 (12h55): No Hospital Maggiore, Maria Teresa Fiandri, chefe do departamento de reanimação e responsável por comandar os boletins médicos do piloto da Williams, anuncia que Senna está em estado de coma profundo.

  • 18h05 (13h05): Os médicos responsáveis pela recepção e tratamento de Senna no Hospital Maggiore, em Bolonha, anunciam à imprensa que o quadro do piloto é de morte cerebral. O diagnóstico foi constatado às 11h05 (de Brasília), e a notícia foi dada oficialmente às 13h05.

Ayrton Senna da Silva, três vezes campeão mundial de F1, não resiste aos ferimentos causados pela colisão com o muro que limita o autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na curva Tamburello. As funções vitais e os batimentos cardíacos do piloto se encerraram às 13h40 (de Brasília), no Hospital Maggiore, em Bolonha.

31 anos sem Senna: qual foi a causa oficial da morte?

A investigação concluiu que a falha mais provável foi na coluna de direção, modificada às pressas a pedido de Senna para maior conforto. Evidências mostraram que ela pode ter fraturado na curva, fazendo com que o piloto perdesse o controle.

A suspensão dianteira direita perfurou o capacete de Senna, causando ferimentos fatais na cabeça. Ele também sofreu ruptura da artéria temporal, lesão que tornava impossível a sobrevivência, mesmo com atendimento imediato.

A FIA, a Williams e os tribunais italianos abriram investigações.

Investigações sobre a morte

Promotores alegaram que o carro quebrou antes do impacto. Frank Williams, Patrick Head e Adrian Newey foram acusados de homicídio culposo.

A promotoria afirmou: “A coluna de direção foi cortada e um novo elemento — de metal inferior e diâmetro menor (18 mm em vez de 22 mm) — foi soldado.”

A Williams alegou que a falha não foi na coluna, e todos foram absolvidos. Em 2003, o caso foi reaberto, e em 2007 determinou-se que a coluna foi a causa. Porém, já era tarde para novas punições.

31 anos sem Senna: consequências do acidente e luto global

A morte de Senna causou comoção no Brasil, onde permanece como herói nacional. Mais de três milhões de pessoas acompanharam o funeral em São Paulo. A comunidade do automobilismo lamentou profundamente sua morte. A FIA respondeu com reformas radicais de segurança.

A GPDA (Associação dos Pilotos de Grande Prêmio) foi reformulada — Senna já defendia seu retorno com Alain Prost —, barreiras foram alteradas, carros redesenhados e circuitos modificados.

Por 21 anos, não houve outra fatalidade na F1 até a morte de Jules Bianchi, em 2015.

31 anos sem Senna: influência em múltiplas gerações de pilotos

Em 2024, no 30º aniversário de sua morte, Lewis Hamiltoncidadão honorário do Brasil desde 2022 — pilotou a McLaren de Senna, campeã de 1990, antes do GP do Brasil. O heptacampeão, que tem Senna como ídolo, declarou: "Foi a maior honra da minha carreira."

Além de Hamilton, é evidente que todo piloto brasileiro na F1 carrega Senna como referência. Desde 1991, ano do último título do tricampeão, o Brasil não tem um campeão. O mais próximo foi Felipe Massa, em 2008.

Na ocasião, Massa foi superado por Hamilton por apenas um ponto. Ele relembrou, em entrevista, que pediu um autógrafo a Senna em Ilhabela e foi negado. Desde então, prometeu nunca recusar autógrafos a crianças.

Outro piloto influenciado por Senna é Gabriel Bortoleto, que estreia na F1 pela Sauber. Jovem, talentoso e carismático, sua trajetória já começa a ecoar os primeiros os de Ayrton Senna.

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