Escola convoca mãe para reclamar sobre lanche levado pela filha celíaca

Escola convoca mãe para reclamar sobre lanche levado pela filha celíaca

Mãe viraliza por denunciar que escola no Paraná sugeriu que criança celíaca fique sem comer se a dieta dela não seguir cardápio escolar, no município de

A paranaense Tayrine Novak enfrenta dificuldades para garantir alimentação sem glúten para sua filha Thaylla na escola, em razão do diagnóstico de doença celíaca da criança de 9 anos.

Vídeos publicados por Tayrine denunciam que a escola teria sugerido que a menina fique sem comer se a mãe deixar de seguir o cardápio escolar.

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Conforme a legislação brasileira, a Escola Municipal Professora Egipciana Swain Paraná Carrano, no município de Araucária, no Paraná, onde Thaylla estuda em período integral, oferece alimentação específica para celíacos.

Mas segundo a mãe, exames da menina demonstraram alterações que apontavam a possibilidade de contaminação cruzada, de acordo com as informações apuradas pelo Uol.

As possíveis mudanças nos exames foram verificadas em abril do ano ado, e indicam erro na manipulação do alimento e presença de traços de glúten, que podem agravar o estado de saúde de quem tem a doença, de acordo com a mãe.

No início deste mês, Tayrine conta que foi convocada pela Secretaria Municipal de Educação de Araucária (Semed), via WhatsApp, sem saber qual assunto seria tratado na reunião.

Na ocasião, Tayrine foi questionada sobre a cobertura de chocolate em um bolo de cenoura, que não estaria de acordo com o cardápio da escola.

A reunião ocorreu porque a mãe de outro estudante reclamou que Thaylla levou um bolo de cenoura com cobertura de chocolate e o filho dela ficou com vontade de comer. Em seguida, a direção escolar a orientou a formalizar a reclamação na ouvidoria da Semed.

Seis servidores da Educação, entre eles a diretora e a vice-diretora da escola, uma nutricionista e o chefe de gabinete da pasta, Eduardo Schamme participaram do encontro.

"A lei é muito clara, o alimento precisa ser semelhante e não destoar, não é o que você quer", disse Eduardo Schamme.

Tayrine defendeu que fez a calda de chocolate porque o bolo era muito seco, para facilitar que a filha comesse o alimento. Ela também disse que acompanha a legislação federal que permite o bolo, desde que não seja industrializado.

A mãe gravou a reunião, que durou cerca de 1h, e publicou trechos da conversa na própria rede social, por onde expressou: “Me senti oprimida e vulnerável. Estavam ali seis pessoas contra e só eu a favor da Thaylla".

"A hora que o chefe de gabinete fala 'uma lei a mais, uma lei menos' você acaba se sentindo uma palhaça de estar ali só escutando o que eles têm a impor, e tudo o que você fala sobre a sua filha e a doença dela eles não escutam. Não querem saber se a família tem condições financeiras e psicológicas”, desabafou a mãe em vídeo nas redes sociais.

Tayrine também acrescentou: "O sentimento é de revolta por não conseguir fazer com que a criança celíaca tenha o direito de se alimentar, como foi insinuado para ela comer em casa ou ser excluída em outra sala. A gente só procura o direito de igualdade e inclusão”.

Escola já havia reclamado sobre alimentação

No ano ado, a mãe combinou com a escola que enviaria as marmitas da menina. Para isso, Tayrine apresentou um laudo médico que atestava a condição da filha - que não pode ingerir alimentos com glúten e que as refeições dela deveriam ser preparadas em casa.

Naquela época, a promotora de Justiça determinou que o diálogo entre as partes fosse estabelecido "sempre com foco na saúde da criança".

A Justiça também acrescentou que a escola deveria enviar a Tayrine o cardápio da semana seguinte, às sextas-feiras, para que a mãe se preparasse.

Tayrine abriu uma reclamação na Semed, em outubro de 2024, comunicando que a escola não cumpria o acordo com o Ministério Público, de encaminhar previamente por email o cardápio escolar.

"Uma pessoa normal pode ir na panificadora logo cedo comprar pãozinho quentinho. Para o celíaco é mais difícil, os alimentos são caros. Um pacote de pão normal, com trigo, pode ser encontrado por R$ 3,50 na promoção. Já o pão para celíaco é metade desse pacote e custa entre R$ 28,00 e R$ 36,00", disse Tayrine em uma das publicações.

A Prefeitura de Araucária diz que oferece o cardápio adequado a restrição

Acerca do assunto, a Prefeitura de Araucária disse por nota ao Uol, que oferta 46 cardápios diferentes, elaborados por nutricionistas e adaptados às mais variadas restrições alimentares, aos mais de 18 mil alunos que atende, dentre os quais 14 são diagnosticados com doença celíaca.

A gestão municipal também comunicou que várias sugestões foram apresentadas à mãe tais como:

  • consumir os alimentos já disponibilizados pela escola no cardápio especial para celíacos;
  • fornecer os ingredientes para o preparo doméstico;
  • permissão para levar alimentos de casa,
  • caso não fosse possível, a criança fazer as refeições em um espaço separado, em consideração ao contexto social — já que parte dos alunos não têm condições de levar refeições diferenciadas.

Segundo a nota da Prefeitura, Tayrine recusou as alternativas levantadas durante a reunião e, "ao invés de procurar um entendimento que fosse razoável para todos, preferiu postar trechos da reunião nas redes sociais".

Sobre o relato de contaminação cruzada, a istração pública de Araucária comentou que abrirá uma sindicância para apurar a questão - ainda que não haja registros de ocorrência do tipo na rede educacional, conforme apuração do Uol.

A Prefeitura completou que está planejando iniciativas de conscientização para pais, professores, servidores e alunos, focadas em educação alimentar, acolhimento e respeito às condições individuais.

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