Febre Oropouche: Maciço de Baturité concentra casos de 2025 no Ceará
Três municípios do Maciço de Baturité concentram casos de Febre Oropouche este ano, conforme boletim. É o segundo ano no qual a região é atingida pela arbovirose
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) deu início nesta segunda-feira, 7, ao 8º Seminário Estadual de Vigilância em Saúde. A programação segue até esta quarta-feira, 9, e conta com profissionais e estudantes da área. Entre os temas abordados, os casos de Febre Oropouche na região do Maciço de Baturité são uma das preocupações da secretaria.
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O evento busca mostrar as experiências dos municípios em relação à vigilância epidemiológica, seja ela por doenças transmissíveis ou não transmissíveis.
“É um momento de você juntar as pessoas que fazem vigilância no Estado e ouvir especialistas e convidados que possam de alguma forma também dialogar com essas pessoas que am tanto tempo no território, mas que que possam ouvir também novas ideias”, afirmou o médico epidemiologista e secretário executivo de vigilância em saúde da Sesa, Antonio Lima (Tanta).
Região do Maciço de Baturité é foco da Sesa
Em relação aos casos de arboviroses Dengue, Zyka, Chikunguya, Oropouche e Febre Amarela são exemplos de arboviroses
no Estado, Tanta afirma que estamos em um “ano de baixa transmissão”. “São alguns anos que a gente não tem grandes epidemias de dengue no Estado de uma maneira mais robusta”, avalia.
De acordo com ele, o último informe epidemiológico apontou que os casos de Febre Oropouche estão mais concentrados na região de Maciço de Baturité. “É um tema que tem nos preocupado porque é um vírus novo, que os casos não têm mostrado grande gravidade”, afirma.
“É uma doença que quando você tem o número de casos se aproxima das grandes cidades, uma doença que tem uma transmissão explosiva, uma doença que pode ter complicações em alguns grupos, especialmente nas gestantes”. A Febre Oropouche é transmitida pelo Culicoides paraensis.
Tanta afirmou que é o segundo ano consecutivo que a região é atingida pela doença. O combate ao vetor não é direto. “Você protege mais o indivíduo, com a questão da proteção física — como o uso de camisas mais compridas — e evitar sair no horário de alimentação do mosquito, que é principalmente no fim da tarde”, explica.
Os casos acontecem em sua maioria em regiões que possuem plantações de banana, mas também de chuchu e outras hortaliças.
“Então, a nossa preocupação é com aquela região e também com monitoramento de outras regiões onde possam eventualmente ter introdução desse vírus, que são sobretudo as regiões de serra."
Questionado sobre os números da vacinação contra influenza no Estado, Tanta afirmou que o resultado parcial será fechado na quinzena.
O secretário executivo explica que os casos de influenza surgem quando há queda na temperatura no período invernal: “No Ceará, é mais ou menos no início das chuvas. Esse ano foi um pouquinho retardado, de fato, os casos começaram a aparecer recentemente. Então, a gente antecipou por essa razão”.
Casos de Oropouche de acordo com boletim epidemiológico
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico, com dados coletados pela Sesa, até a semana epidemiológica (SE) 12, foram registrados 65 casos de Oropouche nos municípios de Aratuba (42), Baturité (22) e Mulungu (1).
Dos 65 casos confirmados, pelo menos 35 (54%) são do sexo masculino. Para os grupos etários, há registros de confirmações em quase todas as idades. Observa-se que as idades acima de 20 anos, apresentam os maiores números de casos confirmados.
O Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen CE), atualmente, realiza a vigilância laboratorial do vírus Oropouche em 100% das amostras negativas para dengue, chikungunya e Zika.
As amostras dos pacientes suspeitos são encaminhadas ao Lacen e submetidas ao diagnóstico molecular por Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real com transcrição reversa (RT-qPCR), no formato multiplex, as amostras negativas são submetidas a uma nova avaliação por RT-qPCR para os vírus Oropouche e Mayaro.
Para detectar a partícula viral do Oropouche, são necessárias amostras de soro coletadas na fase aguda da doença, ou seja, do 1º ao 5º dia do início dos sintomas, sendo nesse período que ocorre a replicação viral em maior intensidade.
A maioria dos casos investigados apresenta local provável de infecção em zona rural. Confira algumas das características do ambiente:
- Vales ou áreas baixas de encostas com água corrente utilizadas para a agricultura;
- Presença de culturas que geram sombreamento e deposição de matéria orgânica, como banana e chuchu, entremeadas na vegetação natural;
- Residências de alvenaria construídas a menos de 5 metros das áreas de cultivo;
- Locais protegidos de ventos fortes e com maior umidade do ar em relação às áreas vizinhas; e
- Presença do vetor, Culicoides spp.