Imigração japonesa no Ceará completa 65 anos de história

Imigração japonesa no Ceará completa 65 anos de história

O Núcleo Colonial Pio XII, hoje Distrito São Jerônimo, em Guaiúba, se tornou um destaque no processo de imigração e recebeu nove famílias nipônicas em 1960

Se os primeiros imigrantes japoneses chegaram oficialmente ao Brasil em 1908, quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos, a relação nipônica com o estado do Ceará foi estabelecida meio século depois, em 1960. O ano marcou a chegada de nove famílias japonesas em Guaiúba, a 39,2 km de Fortaleza.

Como seus predecessores, o grupo também enfrentou uma viagem marítima, a bordo do Santos Maru. De acordo com relato na edição impressa do O POVO em maio de 1960, o percurso “durou mais de um mês”, antes de serem transportados para o local onde ariam a residir.

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O novo lar dos colonos japoneses, o Núcleo Colonial Pio XII, conhecido também por Distrito São Jerônimo, é retratado pelo historiador Rafael Rosário Nogueira como “pioneiro em reforma agrária no estado”. O espaço foi responsável pela introdução de novas técnicas agrícolas, “contribuindo para a diversificação da produção e influenciando a cultura alimentar local”.

Nogueira destaca que muitos alimentos difundidos acabaram recebendo um “sobrenome” japonês (melão japonês e pepino japonês, por exemplo). “A presença japonesa ajudou no desenvolvimento rural da região e deixou um legado de trabalho, disciplina, integração cultural e novos hábitos alimentares”, completa.

Núcleo Colonial Pio XII: impactos da imigração japonesa no Ceará | VEJA REPORTAGEM

65 anos da imigração japonesa no Ceará: "Sorridentes e demonstrando grande cansaço"

O processo de imigração japonesa para Guaiúba se encaixava ainda no Plano de Metas do presidente Juscelino Kubitschek, com a criação de núcleos coloniais no Nordeste brasileiro que precisavam de mão de obra qualificada.

No território cearense, O POVO descreveu os recém-chegados como “sorridentes”, embora as famílias demonstrassem “grande cansaço” pela viagem e apresentassem “bagagem numerosa e filhos de todos os tamanhos”.

“Todos eles mostravam-se satisfeitos com o primeiro contato que tiveram com a terra, fazendo questão de salientar a qualidade ‘roxa’ do solo de Guaiúba”, diz publicação no impresso de 18 de maio de 1960.

37 anos antes da chegada dos colonos, em 1923, Jusaku Fujita já havia se tornado o primeiro imigrante japonês a chegar ao Ceará. No Estado, adotou Fortaleza como lar.

Em homenagem à chegada de Fujita, um ponto turístico foi inaugurado na avenida Beira Mar em 2011, conhecido como Jardim Japonês.

Para Rafael Nogueira, celebrar seis décadas e meia da chegada dos primeiros nipônicos ao Ceará e ao município de Guaiúba também é uma forma de destacar “a primeira experiência de reforma agrária” em solo cearense e relembrar a contribuição dos imigrantes japoneses para as técnicas agrícolas na região.

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