Caso Mizael: dois PMs vão a júri acusados de matar jovem de 13 anos em Chorozinho
Decisão é da Justiça do Ceará após pedido da Defensoria Pública. Agentes serão julgados por "homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima" e "fraude processual"
Dois policiais militares serão levados a júri acusados de matar o adolescente Mizael Fernandes Silva Lima, de 13 anos, no dia 1º de julho de 2020, no município de Chorozinho, a 69,88 quilômetros de Fortaleza. A decisão é da Justiça do Ceará após pedido da Defensoria Pública do Estado (DPCE).
Um dos agentes a ser julgado é o sargento Neemias Barros da Silva. Ele é apontado como o autor do disparo de fuzil que matou o jovem e irá responder por homicídio qualificado — devido à impossibilidade de defesa da vítima — e por fraude processual.
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Um segundo PM será julgado por fraude processual, acusado de alterar a cena do crime.
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A Justiça decidiu pelo julgamento após analisar argumentos apresentados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) e pela Defensoria. O órgão ministerial chegou a pedir a absolvição do policial acusado de matar o jovem em fevereiro deste ano. O MP classificou o tiro do PM como ato de legítima defesa.
Ainda segundo o órgão, o argumento se deu pois o policial teria sido “atacado por um indivíduo armado em um local escuro”. Além disso, o MP solicitou que, por falta de provas, os demais agentes não fossem levados a júri.
A Defensoria Pública atuou como assistente de acusação e afirmou que há envolvimento direto da Polícia na morte do adolescente. A alegação foi sustentada por meio de laudos e depoimentos sobre o assassinato. O jovem foi morto enquanto dormia na casa da sua tia.
O órgão de acusação também revela que houve manipulação de indícios na operação para não serem incriminados. O terceiro policial suspeito de participar da morte do jovem não foi levado a júri.
Mizael estava na casa de familiares quando a residência foi invadida por policiais militares do Comando Tático Rural (Cotar). Os agentes diziam procurar um criminoso e o menino foi baleado enquanto dormia.
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Miazel chegou a ser encaminhado para um hospital, mas já chegou sem vida na unidade de saúde. A morte do jovem irá completar cinco anos no próximo dia 1º de julho.
Principal testemunha do crime está desaparecida há dois anos
Uma das principais testemunhas do crime está desaparecida desde 2023. Trata-se de Lizangela Rodrigues da Silva Nascimento, de 39 anos, tia de Mizael, morto na ação policial que aconteceu na casa da familiar. As investigações apontam que ela estava no local no momento do crime e testemunhou a morte do adolescente.
A mulher foi vista pela última vez no dia 7 de janeiro de 2023, no bairro Triângulo, em Chorozinho, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A mãe de Mizael, Leidiane Rodrigues, e irmã de Lizangela, disse, à época, que ela desapareceu após uma mulher, que ela não conhece, chamá-la para ver uma casa para alugar. Desde então, a família não soube mais notícias dela.