Elmano quer integração de dados para melhorar políticas sociais e energéticas
O evento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reunirá até o dia 13 de junho representantes do Brics
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), afirmou nesta quarta, 11, durante o Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, que é necessária uma integração de dados para melhorar as políticas públicas do Estado.
O evento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reunirá até o dia 13 de junho representantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para debater temas estratégicos dos países.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Para o governador, há um banco de dados consistente em diversos setores como educação, proteção social e saúde. No entanto, continuam fragmentados.
“Por exemplo, hoje nós não temos um dado preciso de uma mesma família que recebe o Pé-de-Meia, o Bolsa Família, o Ceará Sem Fome e o Vale Gás. Então, há muitos desafios para poder aperfeiçoar as políticas públicas. E, as referências de como integrar esses dados, como melhor utilizá-los, são muito importantes para a melhoria, no final, da qualidade de vida.”
Leia mais
Além disso, avalia que os debates do evento poderão dar sustentação para as discussões em relação à viabilidade dos projetos de Hidrogênio Verde (H2V) e data centers no Estado.
“Precisamos conhecer bastante os dados de demandas de H2V pelo mundo, como está a situação da matriz energética nos diversos países, porque é isso que vai subsidiar se aquele investimento tem viabilidade ou não […] Hoje mesmo estamos estudando as nossas potencialidades de atração de data centers porque nós sabemos que de bastante energia — de preferência, energia limpa — utilizando cabo de fibra óptica.”
Nesse sentido, o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, afirmou que, o fato de outros países participantes do evento serem fortemente dependentes de combustíveis fósseis, faz com que o Brasil vire uma referência na composição da matriz energética.
“Esse é um ponto muito importante, porque estamos vindo de uma época de forte dependência de combustíveis fósseis. E há uma série de alternativas, do ponto de vista da constituição de fontes de energia, que não sejam tão agressivas.”
Ideia é trabalhar com estatísticas “preditivas”, diz IBGE
O presidente do IBGE também ressaltou que o Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global visa repensar conceitos, metodologias e indicadores que digam mais respeito à realidade dos países participantes. Uma das questões trabalhadas é a possibilidade de utilizar cada vez mais a chamada estatística preditiva.
“Ou seja, como as políticas públicas poderão ter um papel preventivo frente a tendências que estamos assistindo, o que é uma realidade do Brasil, mas não apenas do País. São políticas que se antecipam a questões que, de certa maneira, vão ocorrer em algum tempo à frente”, explica.
Sobre o planejamento em relação aos próximos anos, Marcio Pochmann ressaltou que o instituto possui um plano de trabalho. Atualmente, estão analisando, por exemplo, como será o Censo de 2030, quais novas pesquisas serão necessárias no âmbito da economia digital.
“Esse é um processo interno que estamos discutindo para organizar as ações da instituição entre 2026 e 2030, e que a justamente pela constituição do Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (Singed). É uma integração dos vários bancos de dados que o Brasil dispõe, que vai reduzir custos e, ao mesmo tempo, permitir que quem toma decisões tenha informações mais convergentes.”
Governança interfederativa
Por outro lado, o secretário do Planejamento e Gestão do Ceará (Seplag-CE), Alexandre Cialdini, explicou que o evento é uma oportunidade para discutir um eixo muito trabalhado no órgão: a governança interfederativa.
“A gente vai ter oportunidade de discutir, entre os países que estarão aqui presentes: como eles lidam com governança interfederativa? Como eles lidam com o poder local? Como eles lidam com seus governos subnacionais? Porque, apesar do país ser unitário, ele tem alguma forma de descentralização.”
Outro ponto ressaltado pelo secretário foi a importância estratégica do Ceará no cenário da geopolítica e da geoeconomia.
“A ideia é entender quais são os movimentos de fluxos de comércio internacional que o Estado está aberto, quais são as vantagens competitivas com esses países? Ou seja, tendo 17 cabos submarinos, hoje quase sete data centers e um sistema de produção local e regional, com 36 arranjos mapeados.”