Mulheres reivindicam direitos durante ato unificado na Praça da Bandeira 4k52q
A caminhada contou com uma multidão de pessoas para reivindicar pontos como o fim da violência contra a mulher, inclusão política e até mesmo escalas de trabalho
"A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer". Esse foi um dos cânticos que marcaram o início do ato unificado realizado neste sábado, 8 de março, no Dia Internacional das Mulheres.
A caminhada teve início na Praça da Bandeira e finalizou na Praça do Ferreira, ambas no Centro de Fortaleza. Além disso, contou com uma multidão de pessoas para reivindicar diversos direitos: fim da violência contra a mulher, inclusão política e até mesmo escalas de trabalho.
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Ednilsa Kokama, de 68 anos, carrega no seu sobrenome o grupo indígena de origem amazônica. Para ela, ser mulher "é um tesouro" e o movimento representa a união feminina.

"As mulheres querem respeito. As mulheres querem mostrar que nós temos espaço, sim. Porque somos o que escolhemos. Se eu quero ficar debaixo de uma árvore, eu quero ficar debaixo de uma árvore. Ninguém vai me tirar de lá. Então, esse 8 de março mostra o quanto nós, mulheres, somos uma raiz e extensão de gerações e gerações."
Por outro lado, a estudante de biblioteconomia, Mayara Melo, de 23 anos, acredita que a organização da juventude nas universidades e nas escolas é fundamental para a luta das mulheres.
"Estar nas redes sociais, construir essa disputa é muito fundamental para que a gente possa fazer a diferença real na sociedade. E que essas novas gerações sigam apontando esse caminho de luta."

Também avalia que os direitos femininos am por um momento de crise profunda no mundo inteiro.
"São as mulheres que são chefes de família, que tem duplas e triplas jornada de trabalho e, quando chegam no supermercado, não conseguem colocar comida na mesa para sua família. Então, a gente precisa pautar a sociedade como um todo para que as nossas mulheres possam ter dignidade de viver."
Início do ato é marcado por briga de trânsito 2r2i49
Logo no início do ato, às 9h:30min, O POVO presenciou um princípio de briga de trânsito no cruzamento da Rua General Sampaio com a Rua Clarindo de Queiroz.
No local, haviam apenas duas viaturas da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) escoltando a parte da frente e de trás da multidão.
Sem guardas ou viaturas nos cruzamentos, os próprios manifestantes fizeram uma barreira para não ter agem de automóveis. Contudo, diversos motoristas avançaram contra os indivíduos.

Em nota, a AMC informou que realizou o controle de tráfego, disciplinando a circulação durante a manifestação, e efetuou bloqueios provisórios em determinados cruzamentos para ordenar o fluxo.
"Nos locais de intervenção da AMC não houve registro de incidentes, sendo necessário conter alguns condutores, sobretudo motociclistas, que insistiam em avançar as interdições", esclareceu.
Comércio como resistência 1d11n
Há oito anos, a comerciante Bárbara Oliveira, de 39 anos, decidiu começar um negócio com a sua irmã: a Oliveira Camiseteria, voltada para produções de roupas com cunhos políticos.
"Começamos como uma loja que estava em atos e também virtualmente. Hoje ,já conseguimos ter uma loja física, que vai fazer 3 anos na Avenida da Universidade, né? Então, estar nesse ponto fixo também, para a gente, é uma forma de resistência."
Conforme pontua Bárbara Oliveira, todo o processo é feito praticamente por mulheres, porém, enfrenta desafios constantes.

"amos por vários processos, como greves da universidade. Então, para manter aquele espaço ali, realmente foi difícil. Se fosse um comércio no qual eu precisasse pagar, por exemplo, uma outra pessoa, a gente não teria conseguido se manter porque é o rendimento da loja em si que sustenta o negócio."
Apesar dos imes, avalia que é uma forma de conseguir autonomia financeira. Além disso, defende que a loja "está longe de ser apenas um espaço onde se vendem camisas ou outros produtos. Tudo que permeia a loja realmente é aquilo em que acreditamos: igualdade, respeito e a oportunidade para outras mulheres que estão à nossa volta."
Acolhimento para vítimas de violência 42e5b
Para Izabel Brito, de 29 anos, é preciso trazer para o movimento mulheres de todas as formas, sem excluir nenhuma. Por trabalhar como psicóloga na Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara Municipal de Fortaleza, também ressalta a importância de combater a violência de gênero.
"Dentro dos setores públicos, as mulheres ainda têm uma representatividade muito baixa diante das ocupações que, no mundo contemporâneo, continuam sendo desenvolvidas majoritariamente por homens."
Nesse sentido, explica que a equipe dentro da procuradoria é composta por psicólogos, assistentes sociais e advogados para direcionarem todas as vítimas de violência.
"Precisamos entender, primeiramente, se ela está sob um risco iminente contra sua vida. Se não estiver, avaliamos como podemos ajudar e quais os melhores recursos disponíveis. E é fundamental fortalecer essas mulheres, porque sabemos que não é fácil. Às vezes, elas dependem financeiramente do agressor. Então, é muito difícil denunciar, pois elas estão inseridas em um sistema que as aprisiona."

Já a procuradora do projeto e vereadora de Fortaleza, Adriana Almeida (PT), ressaltou que o Dia das Mulheres não é apenas um data de homenagens e flores e sim de luta.
"Infelizmente, mesmo com os avanços que tivemos na conquista dos direitos das mulheres, ainda há muito a ser feito. Seguimos enfrentando a violência, o feminicídio — a cada seis horas, uma mulher é vítima de feminicídio; a cada seis minutos, uma menina ou mulher sofre violência sexual."
Por isso, pontua que a procuradoria é um equipamento a serviço da vida das mulheres. "Nós gostaríamos que esse serviço não fosse necessário, mas, infelizmente, ele é. E queremos que as mulheres saibam que podem contar com sempre que precisarem."
A Procuradoria Especial da Câmara Municipal está localizada na Rua Dr. Thompson Bulcão, 830, e funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h. O atendimento pode ser feito presencialmente ou de forma online.