Delegacia acumula mais de 70 veículos apreendidos em Fortaleza
Antes, muitos carros eram deixados em via pública, causando transtornos a população e ao comércio local. Esses carros serviam de abrigo para animais e acumulo de água parada
Mais de 70 veículos apreendidos estão acumulados na 13ª Delegacia de Polícia (DP), em Fortaleza. O POVO esteve no local, no último dia 9, e constatou a situação de abandono de alguns veículos. Segundo relatos de moradores, o cenário já foi mais crítico, com carros estacionados em via pública, servindo de abrigo para animais e acumulando água parada.
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A 13º DP fica em uma das vias mais movimentadas da Capital, a avenida Oliveira Paiva, no bairro Cidade dos Funcionários. Em seu pátio existem cerca de 30 motocicletas, que disputam espaço com os veículos da própria corporação.
Na rua ao lado, Teofredo Goiânia, há um depósito improvisado da Polícia que guarda mais motocicletas e cerca de 39 carros, de diversos modelos e estados de conservação.
Muitos desses veículos aparentam estar no local há meses, já tomados pelo mato, que cresce e invade o interior dos automóveis. Três carros, em especial, parecem ser restos de desmanches apreendidos e estão em estado de deterioração, cobertos de ferrugem. Veja as fotos abaixo:
Transtornos a população
A situação já foi mais grave, com veículos sendo deixados em via pública. Segundo o militar Dinardo Oliveira, morador da região, os carros ficavam estacionados ao longo da rua Teofredo Goiânia, indo até a Praça da Igreja da Glória (que fica atrás da delegacia), dificultando a agem de pedestres, prejudicando o comércio e a utilização da praça.
“Interditava a rua, o pessoal não podia aproveitar, usufruir da pracinha. Isso aqui ficava impossibilitado [de ar]. E a utilização dos restaurantes também. O pessoal começou a reclamar e foi aí, que removeram daqui”, relata o militar.
Outra fonte, que preferiu não se identificar, contou que o depósito ao lado da delegacia foi criado justamente após denúncias da população, para abrigar “a enorme quantidade de carros que existiam ao redor da delegacia”.
Segundo ela, a situação era tão crítica que os veículos abandonados se tornaram foco de insegurança e doenças; além de atrapalhar a locomoção, esses carros eram furtados, juntavam ratos, baratas e acumulavam água parada.
“Inclusive, várias pessoas que moram ao redor pegaram dengue, devido essa imundice que ocorria no local”, afirma
O que diz a Polícia Civil
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) afirmou que tem atuado para evitar novos acúmulos. A corporação explica que há um esforço conjunto com outras instituições para agilizar a destinação dos veículos apreendidos, que precisam seguir uma série de trâmites legais até terem seu destino definido.
Além disso, a Polícia destacou que os veículos apreendidos não podem ser retirados sem a devida autorização judicial. Por isso, o excesso nas delegacias acontece em função de processos lentos e burocráticos, que envolvem diferentes órgãos da esfera pública.
Veja a nota na íntegra:
"A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) informa que, desde fevereiro de 2025, faz parte do Programa de Aceleração pela Destinação de Veículos Apreendidos, um acordo assinado entre a Polícia Civil, Ministério Público do Ceará (MPCE), Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), e o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran) para agilizar a gestão e destinação destes bens.
Atualmente, os trâmites para destinação dos veículos am por vários órgãos, seguindo ritos processuais e istrativos complexos. Com a vigência do ACT (Programa de Aceleração pela Destinação de Veículos Apreendidos), o fluxo entre os órgãos intervenientes será otimizado, reduzindo significativamente o tempo de permanência de veículos apreendidos nas delegacias de Polícia Civil. Além do programa, a PCCE também realiza a retirada de veículos apreendidos e os leva para os depósitos."