Sertão Vivo: iniciativa impulsiona sistemas produtivos dos agricultores familiares do Ceará

Sertão Vivo: iniciativa impulsiona sistemas produtivos dos agricultores familiares do Ceará

No Ceará, projeto foi lançado nesta quarta-feira, 21, e deve atender 63 mil famílias em 72 municípios

O Governo do Ceará lançou, nesta quarta-feira, 21, o projeto “Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais do Nordeste - Sertão Vivo Ceará”, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), em Fortaleza. A iniciativa tem como objetivo transformar sistemas produtivos de agricultores familiares do semiárido, contribuindo para a adaptação e mitigação dos impactos causados pelas mudanças climáticas.

O projeto deve atender 63 mil famílias em oito regiões do Estado, são elas: Vale do Jaguaribe, Sertão dos Inhamuns, Maciço de Baturité, Litoral Oeste/Vale do Curu, Litoral Norte, Serra da Ibiapaba, Sertão de Canindé e Grande Fortaleza. Ao todo, 72 municípios cearenses devem ser contemplados.

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Confira a lista de municípios contemplados pelo projeto:

Acarape
Acaraú
Aiuaba
Alto Santo
Apuiarés
Aracoiaba
Aratuba
Arneiroz
Barreira
Barroquinha
Baturité
Bela Cruz
Boa Viagem
Camocim
Canindé
Capistrano
Caridade
Carnaubal
Chaval
Chorozinho
Croatá
Cruz
Ererê
General Sampaio
Granja
Guaraciaba do Norte
Guaramiranga
Ibiapina
Ipu
Iracema
Irauçuba
Itapajé
Itapiúna
Itatira
Jaguaretama
Jaguaribara
Jaguaribe
Jijoca de Jericoacoara
Limoeiro do Norte
Madalena
Marco
Martinópole
Miraíma
Morada Nova
Morrinhos
Mulungu
Ocara
Pacoti
Palhano
Palmácia
Parambu
Paramoti
Pentecoste
Pereiro
Potiretama
Quiterianópolis
Quixeré
Redenção
Russas
São Benedito
São João do Jaguaribe
São Luís do Curu
Tabuleiro do Norte
Tauá
Tejuçuoca
Tianguá
Tururu
Ubajara
Umirim
Uruburetama
Uruoca
Viçosa do Ceará.

A iniciativa é voltada para agricultores familiares e assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, mulheres e jovens, população rural em situação de insegurança alimentar e nutricional; além de áreas rurais com maior incidência de pobreza rural, vulnerabilidade climática e exposição histórica à seca.

Coordenadora estadual do Projeto Sertão Vivo, Rocicleide Silva explica que as famílias selecionadas receberão assistência técnica por dois anos, com pelo menos três visitas mensais ao território. O assessoramento será realizado por meio de organizações da sociedade civil, a serem selecionadas por edital; além de equipes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce).

O evento de lançamento faz parte da etapa de mobilização e apresentação do projeto, que deve seguir até julho, com visitas aos 72 municípios. A partir de setembro, as famílias a serem beneficiadas devem começar a ser selecionadas.

“A gente, de lá, também vai constituir uns conselhos municipais que interferirão no processo de seleção das comunidades. O recurso será reado via associações e terão critérios para isso acontecer que, na oportunidade, serão colocados (...) Depois das seleções das famílias, nós começaremos o diagnóstico com as comunidades, para que no ano que vem a gente já entre com intervenção”, explica.

O projeto Sertão Vivo representa a primeira experiência em grande escala no Ceará de um projeto do Governo do Estado na perspectiva da resiliência climática, conforme o secretário executivo do Desenvolvimento Agrário, Marcos Jacinto.

“É um projeto que vai incluir ações relacionadas a fomento produtivo, o à água para produção de alimentos, com esse diálogo da construção da resiliência climática, que é tão importante para um estado que tem 92% do seu território em região semiárida. É isso que representa o Sertão Vivo. Então, é esse diálogo com a questão das mudanças climáticas, mas também construindo a oportunidade de geração de trabalho e de geração de renda para os agricultores e as agricultoras do nosso Estado”, afirma.

De acordo com o secretário executivo, os dois componentes principais de investimento do projeto são em sistemas produtivos resilientes ao clima, como sistemas agroflorestais, transição agroecológica, consórcio animal, floresta e lavoura; além de impulsionar o o à água para produção, por meio do financiamento em tecnologias sociais como cisterna-calçadão, barreiro trincheira e barragens subterrâneas.

E acrescenta: “os investimentos do componente um serão diretamente nas famílias, para que elas estruturem suas unidades de produção nessa perspectiva da agrofloresta, da produção agroecológica, produção de alimento saudável. Então, as famílias vão receber diretamente o fomento não reembolsável do projeto, que a gente está estimando aí o valor de R$4.600 por família”.

As mudanças climáticas no Sertão Central

As constantes alterações no clima têm causado impactos significativos para diversas famílias que dependem da agricultura para sobreviver. No Sertão Central, por exemplo, duas situações opostas refletem os desafios enfrentados no campo.

Na cidade de Madalena, o agricultor Airton Gomes, de 64 anos, relata as dificuldades que a comunidade local tem enfrentado pela escassez de chuvas.

“Temos grandes dificuldades, principalmente neste ano, porque muitas comunidades estão sem água e os agricultores têm medo de que isso leve ao abandono dessas áreas”, destaca Airton, que também preside a Associação dos Moradores dos bairros Antônio Firmino Pinho e Agrovila Sede.

Já em Ibaretama, a agricultora Juciliana Maria Ribeiro, de 50 anos, enfrenta um cenário diferente. Segundo a agricultora, o excesso de chuvas tem causado prejuízos aos plantio.

“A gente sofreu muito com chuva e com perdas, principalmente em Ibaretama. Esse ano foi de perda. A gente planta, mas se a terra estiver muito molhada, os legumes não se desenvolvem. E se for pouca [chuva], a planta começa a perder. Até ontem estava chovendo, mas naquilo que Deus manda, ninguém pode [mudar]”, conta Juciliana, que também é presidente da Associação Benéfica Ativa dos Moradores de Pirangi.

Tanto Airton quanto Juciliana, assim como outros agricultores da região, depositam suas esperanças no Projeto Sertão Vivo.

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre janeiro e abril deste ano choveu em média 269 mm em Madalena. No mesmo período, choveu em torno de 685,2 mm em Ibaretama. Ambos os municípios estão localizados no Sertão Central distantes a 139 km de distância — o que evidencia o desafio de lidar com padrões climáticos cada vez mais irregulares.

Durante a coletiva de imprensa, o governador Elmano de Freitas destacou a importância da parceria entre os governos estadual e federal na viabilização do projeto.

“O Sertão Vivo é resultado de um edital do BNDES. Agradeço à equipe da SDA pela elaboração do projeto, que vai beneficiar quilombolas, indígenas, agricultores familiares e assentados da reforma agrária. É uma conquista que promove tecnologia social, consciência ambiental e geração de renda, com produção voltada à convivência com o semiárido”, frisou.

Já o secretário do Desenvolvimento Agrário, Moisés Braz destacou que projeto vai muito além da produção agrícola.

“Queremos promover segurança alimentar, geração de renda e inclusão social. É uma política pública que nasce do diálogo com quem está no campo, com foco na permanência das famílias na terra e no fortalecimento da agricultura familiar como eixo estratégico de desenvolvimento para o Ceará”.

Colaborou Carlos Daniel

 

 

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