Colégio tradicional em Fortaleza renova projeto que reúne religiosidade, inclusão e diversidade
Colégio Piamarta Aguanambi promoveu, ao longo de 12 meses, formações sobre diversidade e inclusão para alunos e professores. Iniciativa será renovada para 2026
O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, colégio conhecido como Piamarta Aguanambi, realizou na manhã desta sexta-feira, 23, o encerramento do projeto "Abrindo Caminhos". A iniciativa foi voltada à formação de profissionais da educação e alunos para o enfrentamento de desigualdades e a promoção da diversidade no ambiente escolar.
O evento contou com palestras, dinâmicas, apresentações artísticas e a exposição de trabalhos realizados durante o projeto.
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O projeto foi um dos oito selecionados em todo o Brasil pelo edital do Fundo de Educação da BrazilFoundation, organização sem fins lucrativos que apoia financeiramente iniciativas voltadas à educação transformadora. Parceria foi renovada para o próximo ano.
O Abrindo Caminhos foi desenvolvido ao longo de 12 meses e contou com dez turmas no total: cinco compostas por professores e cinco por alunos. A metodologia foi estruturada em módulos que trataram de temas como gênero, raça, etnia, diversidade sexual, ibilidade e inclusão.
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O processo foi dividido em duas etapas. A primeira visou nivelar o conhecimento dos participantes, com oficinas conduzidas por especialistas, inclusive com atuação em movimentos sociais e na área cultural.
“Algumas pessoas já tinham familiaridade com os temas, mas outras não. Seja por questões geracionais ou por falta de o. Por isso, começamos pelo nivelamento, tanto com professores quanto com alunos”, explicou Diana Maia, coordenadora do projeto.
Na segunda etapa, os educadores foram convidados a desenvolver metodologias próprias para integrar esses conteúdos à prática pedagógica. As propostas elaboradas aram a ser aplicadas nas salas de aula e também no atendimento às famílias, no caso dos assistentes sociais.
Já os alunos foram estimulados a assumir o protagonismo dentro da escola. Eles foram incentivados a propor atividades relacionadas aos temas discutidos nas oficinas. Algumas das ideias foram apresentadas no evento de encerramento, como esquetes teatrais, painéis temáticos, músicas autorais e até a proposta de criação de um podcast escolar.
“O mais importante foi que eles se sentiram responsáveis por manter o debate vivo. Não faz sentido que esses temas sejam tratados de forma pontual, já que fazem parte da realidade dos alunos e das famílias. Então precisam estar presentes no dia a dia escolar”, disse a educadora Diana Maia.
Valores tradicionais cristãos e diversidade
Um dos pontos que exigiu atenção foi a relação entre os temas abordados e a religiosidade. Afinal, além do ambiente escolar, o projeto é desenvolvido em uma instituição com mais de 50 anos de tradição de orientação católica.
Para isso, o projeto incluiu teólogos e pesquisadores religiosos em sua programação. Foram tratadas questões como “gênero e religião”, “diversidade sexual e religião” e “raça e religião”. Houve também espaço para o diálogo sobre outras formas de religiosidade, incluindo as religiões de matriz africana.
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A diretora pedagógica do Piamarta Aguanambi, Rosangela Marques, que também participou das formações, destaca o processo como um exercício de desconstrução. “Porque a gente vem de um modelo de educação e sociedade cheio de certezas. E, a cada aula, quando víamos uma nova perspectiva, isso nos fazia repensar”, afirmou.
Ela reforçou ainda que, mesmo sendo uma escola cristã, o princípio do acolhimento é central. “Seguimos o exemplo de Cristo, que acolhia sem perguntar o que a pessoa tinha feito. E esse é o espírito que tentamos manter: acolhimento.”
Já Rayllane Alves, 13 anos, aluna do 8º ano, relatou que o projeto ampliou seu entendimento sobre temas que antes lhe eram pouco familiares. Ele explica que a participação dos colegas foi ampla e que houve mudanças perceptíveis. “Alguns mudaram e outros estão tentando. É uma construção, né">