Gêmeos de barrigas diferentes: "É a definição mais plena do que é o amor"

Gêmeos de barrigas diferentes: "É a definição mais plena do que é o amor"

Um mês após o sucesso da Fertilização In Vitro (FIV) da barriga solidária, o casal descobriu que Carol havia engravidado naturalmente

Após seis anos tentando ter um filho, o casal Elias Leite e Carollina Castro, conseguiu uma barriga solidária com a prima de Carollina, Julianna Castro. Um mês depois, Carol engravidou naturalmente. A história, que parece vinda do roteiro de um filme, aconteceu em Fortaleza e foi publicada nas redes sociais de Elias.

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“É a definição mais plena do que é o amor”, diz pai de gêmeos

Casados desde 2019, o médico e gestor de seguros da Unimed, Elias Leite, e sua esposa, a empresária Carollina Castro, sempre quiseram construir uma família.

O primeiro filho do casal, José Heli Neto, fruto da fertilização em Juliana, nasceu no dia 4 de abril deste ano. Já a sua gêmea, Maria Helena, nasceu no último dia 13 de maio, data em que o casal completou seis anos de casados.

Ao O POVO, Elias relata que a decisão sobre a barriga solidária se deu após várias tentativas de gravidez sem sucesso. “Foi uma decisão mais dela, de tentar a barriga solidária, porque tava muito cansada. A Juliana, que é prima dela e a melhor amiga dela, se disponibilizou, foi ela que se ofereceu. Eu aceitei numa boa e foi super tranquilo”.

Sobre a sensação de ser pai de gêmeos, Elias conta que é “difícil de explicar”. “As pessoas me diziam da importância de ser pai, que eu ia gostar. Por mais que eu imaginasse, eu não conseguia sentir isso, porque muda [a sensação]. Talvez seja a definição mais plena do que é o amor”.

Elias revela o motivo de ter postado a história nas redes sociais: “Tem muita gente que tenta e não consegue. E como isso foi uma coisa que nos ajudou bastante, então a nossa intenção foi de ajudar, sabe? Porque às vezes abre um caminho e dá uma luz para alguém que não pensou nisso [fertilização in vitro]", finaliza.

A descoberta da gravidez se deu após uma viagem internacional: “A gente tinha uma viagem marcada para Mendoza (Argentina). Ela teve uns episódios de mal estar, que a gente achava que era por conta da comida ou bebida”.

O gestor foi para São Paulo, onde trabalha, após a viagem e só ficou sabendo da gravidez da esposa posteriormente. “Quando ela chegou em Fortaleza, fez o exame e só me contou quando eu cheguei em casa”.

A empresária e coordenadora de orçamento da Unimed Fortaleza, Carol Castro, conta que para realizar o procedimento, foram feitos todos os protocolos como terapia entre ela, a prima e as filhas, e o marido.

“A história da barriga solidária foi muito acolhida por conta do processo. A minha mãe e a minha família foram muito abertos. A minha família do Interior, que é mais tradicional, ficou um pouco assim quando souberam”, conta.

A empresária cogitou qualquer coisa, menos a possibilidade de estar grávida. “Fiz um teste de farmácia, aqueles bem baratinho, porque não queria nem gastar dinheiro. Mas eu fiz para poder dizer: ‘não, não é isso’. E deu positivo”, relata.

"A gente é muito parceira desde a infância. Eu conheço ela [Julianna]. Mas assim, você escuta muita coisa. Então o processo todo de fertilização, tratamento e barriga solidária, é um processo que você tem que enfrentar ainda a falta de senso das pessoas", desabafa.

Questionada sobre a sensação de agora ser mãe de gêmeos, Carol responde: "Você só quer tá perto dos seus filhos e é um amor que é imensurável, realização plena mesmo, pelo menos o que tá acontecendo comigo. É trabalhoso e desafiador, mas é um amor que a gente não consegue descrever realmente".

A a e prima de Carol, Julianna Castro, conta que tem um “humor aflorado” e um dia brincou com a prima sobre a possibilidade de ceder o útero para gerar o bebê do casal.

“Eu vivia dizendo para ela, ‘Carol, ó, vamos aproveitar aqui que o buchinho ainda tá quebrado e aí tu usa ele para a gente fazer um um teu bebê". Após dois anos se oferecendo para ser barriga solidária, o procedimento deu certo em julho de 2024.

“Fiz vários exames e nunca pensei que ia ter que tomar medicamentos, hormônios. E aí quando ele transferiu [o embrião] foi de primeira”. Julianna teve diabetes gestacional, mas conta que já está tudo bem.

“Fui bem amparada e minhas filhas também. Para mim foi bem normal, bem natural. Eu vejo as pessoas me dando parabéns, dizendo que eu fui incrível e não sei o quê. E eu fico 'meu Deus, será isso tudo mesmo?' Mas ainda não caiu a minha ficha", finaliza.

Barriga solidária: o que é?

Permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2022, a barriga solidária é a formação do embrião com material genético dos pais — óvulo e espermatozóide — em outro útero, utilizando a Fertilização In Vitro (FIV). A técnica também é conhecida como Útero de Substituição.

De acordo com o CFM, a mulher que será a barriga solidária deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau, ou seja, mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha ou prima.

Quando a pessoa não tem o grau de parentesco exigido, o CFM deve emitir uma autorização antes de realizar o tratamento. A doação temporária do útero não pode ter cunho comercial ou lucrativo.

O método é indicado quando a mulher não possui o útero por malformação congênita ou retirado cirurgicamente. Ou em casos em que há alguma alteração muito importante que impede a implantação e o desenvolvimento da gestação.

O processo também é feito em casos de casais homoafetivos ou homens solteiros que desejam constituir uma família.

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