Comitê Cada Vida Importa lança guia para atendimento a vítimas de violência armada
Guia lançado no IJF busca integrar serviços e proteger pessoas ameaçadas após traumas graves; publicação orienta profissionais sobre fluxos de cuidado, proteção e escuta qualificada de pessoas ameaçadas ou traumatizadas
Profissionais da saúde e de outras áreas da rede pública se reuniram nesta quarta-feira, 28, no Instituto Doutor José Frota (IJF), para o lançamento da segunda publicação da trilogia Cuidando em Rede, iniciativa do Comitê de Prevenção e Combate à Violência – Cada Vida Importa, da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). O novo guia traz diretrizes para o atendimento de vítimas de violência armada e pessoas sob ameaça.
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A publicação é voltada a profissionais da saúde, assistência social, segurança pública, educação, cultura e demais setores envolvidos na garantia de direitos. O material oferece orientações práticas sobre escuta qualificada, acolhimento humanizado e encaminhamentos necessários após o atendimento inicial.
“O que a gente quer é que o profissional consiga identificar os sinais de alerta, como uma ameaça de morte, uma tentativa de homicídio ou um deslocamento forçado. A partir daí, ele saberá para onde encaminhar aquela pessoa, com segurança”, explica Thiago de Holanda, coordenador do Comitê Cada Vida Importa.
Segundo ele, o guia foi construído com base em um diagnóstico anterior sobre os principais entraves no atendimento a essas vítimas. Agora, o material sistematiza os fluxos e aponta 15 serviços especializados que podem ser acionados.
“É um o importante para garantir que essas pessoas não saiam do hospital vulneráveis, correndo risco de serem novamente atacadas ou até mortas”, ressalta.
Lançamento reuniu profissionais da saúde
O Hospital de Messejana, o Hospital Geral de Fortaleza, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais de menor porte também participaram da formação. Para Helaine Maia, gerente do Serviço Social do HGF, o encontro foi fundamental.
“A violência armada afeta a vítima, mas também a família, a comunidade. A rede precisa estar preparada para reconhecer essas situações e encaminhar corretamente, senão essas pessoas ficam desassistidas”, aponta.
Ela destaca que o trabalho multiprofissional é essencial. "A assistência não é só médica. É social, psicológica, de apoio jurídico. É um complexo de demandas que exige articulação entre diferentes setores".
O superintendente do IJF, João Gilberto Macedo, reforça a importância de preparar a equipe. “Esses pacientes chegam emocionalmente abalados. Nosso papel é acolher com cuidado e oferecer e desde a entrada até a saída, garantindo que não voltem para o mesmo ambiente de risco”, diz.
Guia como um meio de fortalecer e informar os profissionais
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alece e do Comitê Cada Vida Importa, Renato Roseno, lembra que a violência armada tem dinâmicas específicas e pode ser prevenida quando há políticas públicas bem direcionadas.
“Estamos falando de um jovem que sofre uma tentativa de homicídio e não pode voltar ao território porque está ameaçado. Se ele for desassistido, pode morrer. Por isso, é preciso atuar rápido e com protocolos claros”, afirma.
Renato destaca que o guia também busca fortalecer os próprios profissionais, que por muitas vezes podem ficar sobrecarregados ou inseguros diante de situações tão graves. “A escola só é protetiva se for protegida. O hospital só acolhe se também for acolhido pela rede. O guia oferece esse apoio”, disse.
Terceiro volume será lançado em junho
A trilogia Cuidando em Rede teve início em 2019. O primeiro volume tratou da atenção às famílias de vítimas de homicídios. O terceiro volume, com lançamento previsto para o mês de junho, trará um protocolo prático de atendimento para profissionais que recebem pessoas ameaçadas ou em situação de risco extremo.