Borracheiro diz que aguarda pedido de desculpas do Estado há 11 anos após ser preso injustamente

Borracheiro diz que aguarda pedido de desculpas do Estado há 11 anos após ser preso injustamente

Antônio Cláudio foi preso injustamente e provou a inocência perante a Justiça após ar cinco anos preso. O homem considerado verdadeiro "maníaco da moto" foi preso após 11 anos

Antônio Cláudio Barbosa de Castro, atualmente com 41 anos de idade, afirmou em entrevista ao O POVO que ficou atônito ao ser informado sobre a prisão de Warley Carvalho Dias. Há 11 anos a vida desses dois homens foram unidas pela alcunha de "maníaco da moto".

Uma série de crimes de estupro aconteceram em Fortaleza no ano de 2014 e um reconhecimento fez com que Antônio Cláudio fosse acusado dos crimes e permanecesse cinco anos preso de forma injusta, como se um maníaco fosse. 

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Na realidade, o maníaco da moto seria Warley, mas Cláudio permaneceu quase dois mil dias dentro de uma penitenciária estadual sob os mais diversos tipos de violência. Após cinco anos conseguiu provar sua inocência por meio de provas técnicas.

Imagens de câmeras de vigilância mostravam o maníaco atacando as vítimas e um trabalho pericial provou, de forma técnica, que o criminoso media 1,84 de altura, enquanto Cláudio, 1,58, sendo impossível que fossem a mesma pessoa. 

Indagado pela reportagem sobre acreditar que a Justiça foi feita após a prisão do verdadeiro maníaco, Cláudio afirma que não. Ele diz aguarda, há 11 anos, um pedido de desculpas do Estado.

"O Estado não me pediu desculpas, pois eu sempre fui um cidadão de boa índole e honrava minha família. Deus me tornou um guerreiro dentro daquele lugar, pois imagine uma pessoa condenada por nove estupros, o que poderia ter acontecido. Se o Estado diz que é pela Justiça eles farão esse pedido de desculpas. Não vai resolver, mas me dá um pouco de paz", descreve. 

Defensor lutou para provar inocência

O defensor público Emerson Castelo Branco assumiu o caso de Cláudio após a sentença que o condenou a 14 anos de prisão. Ele explica que a acusação atribuída ao Cláudio, de estupro, é condenada pela sociedade e que, nem mesmo dentro do sistema penitenciário, esse tipo de crime é itido. Por diversas vezes, o borracheiro relata ter visto de perto a própria morte.

Conforme o defensor, antes de ser preso Cláudio havia entrado em um salão de beleza e uma das vítimas do maníaco, uma criança, que estava traumatizada, presenciou o homem desembarcando da motocicleta e relatou que a voz dele era a mesma do maníaco.

A mãe da criança ou a divulgar fotografias de Cláudio na Internet e outras vítimas surgiram, no entanto, as pessoas não reconheceram Cláudio, mas a criança manteve o testemunho. 

O rapaz foi preso e condenado, enquanto o verdadeiro criminoso seguia solto e vitimando novas mulheres. Com a continuidade dos crimes, a Polícia seguiu investigando a chegou ao maníaco identificado nas câmeras, o Warley.

O relatório final da Polícia Civil apontou que haviam adversidades sobre a autoria dos estupros e apontou Warley como o responsável. Apesar da situação, Cláudio seguiu preso e foi condenado. 

Conforme Emerson Castelo Branco, a família dele foi duramente penalizada pela sociedade por ser considerada a família de um "maníaco". Eles foram excluídos, estigmatizados, mas permaneceram unidos na tentativa de provar a inocência dele, mas a dificuldade era imensa, pois diante de uma acusação tão grave, Cláudio e seus familiares tornaram-se invisíveis. Atualmente a defesa ingressou com uma ação solicitando indenização. 

As inspetoras da Polícia Civil do Ceará, que atuaram no caso, se tornaram testemunhas de defesa do rapaz e houve uma força-tarefa com o Innocense Project Brasil para que a injustiça cometida contra Cláudio repercutisse de forma nacional.

Depois de provar a inocência perante a Justiça, ele casou, constituiu família e hoje tenta reconstruir a vida. O trauma ado por Cláudio é considerado um "Trauma de Guerra". 

"É uma pessoa que estava morta em vida, destruído. É um longo caminho de reconstrução que pode durar para sempre. Naquela época ele era jovem e com uma vida cheia de sonhos. E de uma hora para outra, sem sentido algum, essa pessoa é presa. Uma pessoa que não teria qualquer razão para se preocupar de uma hora para outra é presa e a cinco anos encarcerada", destaca o defensor.

O verdadeiro "maníaco da moto" foi preso pelos casos que aconteceram após a prisão de Cláudio, mas ainda há necessidade da Justiça vincular os crimes anteriores, aqueles que foram imputados à Cláudio.

"Ele foi preso pelos novos casos que aconteceram, mas a Justiça deveria fazer a junção ao meu caso para que ele recebesse uma pena maior. Eu nunca fui criminoso e ei a ser considerado o pior maníaco do Estado, peguei 14 anos e reduziu para nove anos. E ele pegou sete anos", diz Cláudio Barbosa. 

O defensor público afirmou que o rapaz não se isolou após ser solto e que se tornou um símbolo de luta por Justiça. "Ele é uma pessoa de grande espírito, de grande força. Hoje ele é pai e eu tive a honra de ser convidado para ser padrinho da filha dele", destaca Emerson Castelo. 

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