Coalas são mortos com tiros de sniper em gesto de 'piedade' na Austrália
O governo de Victoria autorizou o abate de coalas por helicópteros como resposta aos impactos dos incêndios em áreas de habitat natural
Nos últimos meses, o estado de Victoria, no sul da Austrália, tornou-se o epicentro de uma polêmica envolvendo a conservação de coalas. Após um incêndio que consumiu mais de 2 mil hectares no Parque Nacional de Budj Bim, autoridades locais autorizaram o abate de até 750 coalas por meio de tiros disparados de helicópteros.
A medida, classificada como “eutanásia humanitária”, visa aliviar o sofrimento de animais gravemente feridos ou em estado crítico, devido à destruição de seu habitat e à escassez de alimento.
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A situação atual reflete desafios na conservação dos coalas na Austrália. Desde o início do século XX, a espécie enfrentou ameaças significativas devido à caça predatória e à destruição de habitats.
Morte de coalas: resgate inviável
O Departamento de Energia, Meio Ambiente e Ação Climática de Victoria (Deeca) justificou, em comunicado à revista Vox, que a ação foi necessária, alegando que o terreno acidentado e as árvores comprometidas pelo fogo tornavam inviável o resgate terrestre dos animais.
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Segundo James Todd, chefe de biodiversidade do Deeca, a decisão foi tomada após avaliações criteriosas, priorizando o bem-estar dos coalas.
Morte de coalas: reação negativa
No entanto, a iniciativa gerou indignação entre defensores dos direitos dos animais e especialistas em vida selvagem. Críticos apontam que o abate aéreo é um método impreciso e potencialmente cruel, questionando a capacidade de se avaliar com precisão o estado de saúde dos coalas a partir de helicópteros.
Georgie Purcell, deputada do Partido Justiça Animal, declarou ao El País que existe preocupação quanto à possibilidade de fêmeas com filhotes em suas bolsas marsupiais serem abatidas sem a devida verificação.
Embora esforços de conservação tenham sido implementados ao longo das décadas — incluindo programas de translocação e esterilização —, a perda contínua de habitat e os efeitos das mudanças climáticas continuam a impactar negativamente as populações de coalas.
Morte de coalas: organizações contestam a iniciativa
Organizações como a Wildlife Victoria e a Australian Koala Foundation defendem abordagens que priorizem o resgate, a reabilitação e a restauração de habitats, em vez de medidas letais.
A proteção dos coalas exige o engajamento das comunidades locais e de organizações ambientais, visando garantir a sobrevivência da espécie.
Estimativas apontam que restam somente cerca de 80 mil indivíduos — número considerado insuficiente para assegurar a permanência da espécie a longo prazo.