Filho de Bolsonaro, Jair Renan defende ditadura militar: "Melhor época do Brasil"
Vereador da cidade de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan Bolsonaro criticou homenagem a ex-prefeito, assassinado durante o período do governo militar
O vereador de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), causou polêmica durante sessão parlamentar da Câmara Municipal, na última quarta-feira, 14, ao defender o período da ditadura militar e dizer que foi "a melhor época do Brasil".
Durante a discussão do projeto que institui o Dia Municipal da Democracia, em memória do ex-prefeito Higino João Pio, assassinado pela ditadura militar, o vereador defendeu o Golpe Militar.
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"Que golpe foi esse em 64? No qual o povo saiu às ruas, pedindo que os militares assumissem o poder, com medo do comunismo entrar no Brasil. Em abril de 1964, o Congresso votou e elegeu Castello Branco. Que golpe foi esse?", questionou.
General Humberto Castello Branco, cearense, foi o primeiro presidente do país durante o período do governo militar. Ele chegou ao poder, em vez de eleições diretas, via Congresso, de forma indireta.
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Melhor época
Em meio às críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT), o vereador afirmou que a sigla é amante de ditaduras pelo mundo. "Que moral vocês (PT) têm para falar de ditadura? De democracia? Não têm moral nenhuma", disparou.
Na sequência, Jair criticou parlamentares que votaram a favor do projeto, inclusive alguns de idade mais avançada. "Para a maioria dos mais velhos, se você perguntar, foi a melhor época do Brasil", afirmou.
Comissão da Verdade
Se sequência, o vereador disse não acreditar na Comissão da Verdade. "Para finalizar, eu não acredito na Comissão da Verdade, criada por Dilma Rousseff. Vocês conhecem o ado da Dilma Rousseff, né?", disse sorrindo.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), abreviadamente chamada Comissão da Verdade, foi um colegiado instituído pelo Estado brasileiro, durante o governo Dilma Rousseff (PT), para investigar as violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, período em que o país esteve sob comando de governos militares.
Após ouvir vítimas e testemunhas durante meses, em 10 de dezembro de 2014 a CNV entregou seu relatório final à presidente Dilma. Concluiu que a prática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura, violência sexual, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáver resultou de uma política estatal, de alcance generalizado contra a população civil, caracterizando-se como crimes contra a humanidade. Foram identificados 434 casos de mortes e desaparecimentos de pessoas sob a responsabilidade do Estado brasileiro.
Não conhece a história
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi rebatido pelo vereador Eduardo Zanatta (PT). "Ex-prefeito Higino João Pio foi o primeiro prefeito de Balneário Camboriú, democraticamente eleito. Sequestrado no exercício da função, torturado e assassinado pela ditadura militar brasileira. Isso é história, isso é fato. Na luta da família, de anos, para ter o reconhecimento na certidão de óbito, e que foi reconhecido aqui nesse Plenário. Isso é a história da nossa cidade, isso é a história do Brasil", explicou.
Para o petista, o Jair Renan não conhece a história da própria cidade.
"A história da cidade não pode ser reescrita, e ela não pode ser reescrita por quem não a conhece, por quem nega a história do próprio país", disse o parlamentar, que ainda sugeriu que o colega de Câmara faça uma pesquisa no arquivo histórico do município e assista um filme produzido sobre a história do ex-prefeito.
O ditador, o filme
Em março de 2024, O POVO lançou o documentário "Castello, o ditador". A obra conta como o cearense foi responsável por instalar a ditadura militar no Brasil e possibilitar a continuidade do regime por mais de duas décadas. No ano em que o golpe militar completava 60 anos, o filme trouxe de volta a memória da ditadura e mostra como Castello Branco influenciou o destino do país e a vida de cearenses que resistiram ao regime.