STF: veja principais pontos dos depoimentos do núcleo 1 da trama golpista
Em audiência dirigida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, participaram também os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que atua como acusador
O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu nessa segunda-feira, 19, as primeiras testemunhas indicadas na Ação Penal (AP) 2668 que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022.
Em audiência dirigida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, participaram também os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também interrogou os indicados, ele que atua como acusador.
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Advogados de defesa dos réus do chamado núcleo 1 tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas. O primeiro grupo a dar depoimento também é o que integra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Testemunhas que prestaram depoimento:
- Éder Lindsay Magalhães Balbino, proprietário de uma empresa que teria dado e na produção de material para gerar suspeitas sobre as urnas eletrônicas ;
- Clebson Ferreira de Paula Vieira, servidor que teria criado planilhas para mapear eleitores nas eleições de 2022;
- Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
- Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
Também estava previsto o depoimento do governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, mas ele foi dispensado por Paulo Gonet e por parte da defesa que tinha realizado a sua indicação. Ibaneis é testemunha da defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança Pública do DF.
Principais pontos dos depoimentos
Adiel Pereira Alcântara
Ex-coordenador da inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adail Alcântara afirmou em seu depoimento que ouviu uma ordem de Djairlon Henrique Moura, então diretor de operações da PRF, para que a inteligência da organização reforçasse, nas eleições de 2022, abordagens de ônibus e vans.
Adiel falou no STF como testemunha de acusação na ação penal. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) trouxe que o grupo teria utilizado recursos da PRF e do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para tentar barrar votos que seriam para Lula.
O ex-servidor disse, ainda, que houve ordens para “tomar um lado” nas eleições de 2022, em reunião no dia 20 de outubro de 2022, quando Djairlon Henrique Moura reou essa orientação, que teria sido dada por Silvinei Vasques, então diretor-geral.
Éder Lindsay Magalhães Balbino
Contratado pelo Instituto Voto Legal durante as eleições presidenciais de 2022, o empresário Éder Lindsay forneceu serviços técnicos, mas negou ter produzido material sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
O empresário detalhou que o contrato firmado com sua empresa foi de R$ 8 mil, mas que o acordo previa apenas gráficos e planilhas baseados em dados públicos, de acordo com ele. Éder negou que houvesse qualquer orientação no sentido de comprovar fraudes nas urnas.
Ele declarou também que não encontrou nenhum indício de fraude nos dados analisados. “Mesmo nos relatórios que vazaram, percebi que não havia indícios de fraude. E eu formalizei ao meu cliente que discordava daquele conteúdo”.
Clebson Ferreira de Paula Vieira
Clebson Vieira, ex-analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça, testemunha de acusação no processo, afirmou que recebeu encomendas de estudos sobre a distribuição de agentes da PRF às vésperas do 2º turno das eleições de 2022.
Segundo ele, as ordens partiram da então secretária de Segurança Pública da pasta, Marília Ferreira de Alencar. Ele disse que, na época, chegou a suspeitar que esses dados seriam utilizados para fins eleitorais.
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"Recebi duas demandas, que aram direto dela para mim. A primeira foi a análise de dados de concentração de votos acima de 75%, tanto para Lula quanto para Bolsonaro. Solicitou para mim que eu fizesse algumas impressões e algumas planilhas”, afirmou.
Ele continuou: “A segunda foi a distribuição da Polícia Rodoviária Federal, um para possível tomada de decisão".
Clebson disse, ainda, que em um outro pedido que relatou ter recebido, Marília teria encomendado uma análise sobre possíveis correlações entre votos em Lula e áreas dominadas pelo Comando Vermelho. A solicitação teria ocorrido após visita do petista ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para cumprir agenda política.
Marco Antônio Freire Gomes
Ex-comandante do Exército, Freire Gomes confirmou que houve reuniões sobre tentativa de golpe após o resultado das eleições de 2022. Ele relatou que Jair Bolsonaro (PL) apresentou hipóteses de ruptura institucional nas reuniões.
Questionado na oitiva se Bolsonaro havia mostrado hipóteses de ruptura, Freire afirmou que “foi apresentado um documento, em que foi lido alguns considerandos que remetiam a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de Defesa ou Sítio. O presidente apresentou como informação, pois ele estava fazendo um estudo sobre o assunto”.
Em determinado momento do depoimento, Moraes advertiu o general por divergências entre a fala no STF e o que foi dito à polícia em 2024. No depoimento anterior, Freire Gomes afirmou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, teria se colocado à disposição de Bolsonaro na reunião em que um estudo jurídico foi apresentado para embasar a trama golpista.
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