Vereadores votam por engano e reduzem número de cargos que pretendiam criar
Dois vereadores da oposição testaram a atenção dos colegas após perceberem que eles esperavam os votos deles para votarem em oposição
A política brasileira produz muitos fatos inusitados, mas até para quem já está acostumado é surpreendente quando vereadores se atrapalharam e votam por errado, contra o projeto que eles na verdade queriam aprovar. Foi o que aconteceu numa sessão da Câmara Municipal de Pouso Alegre (MG) na última quinta-feira, 29. A oposição se aproveitou da desatenção da base do prefeito e usou uma estratégia para que a maioria governista votasse errado.
A estratégia política dos opositores consistiu em votar contra uma emenda que eles próprios propam. Sem coordenação nem atenção, os vereadores de situação votaram a favor e aprovaram sem querer a proposta oposicionista.
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O episódio ocorreu durante a votação de uma reforma istrativa proposta pela Prefeitura, que previa a criação de 33 novos cargos comissionados.
Durante as discussões, o vereador Dionísio Pereira (Republicanos), autor de um dos projetos em pauta, concedia entrevista. Ele se irritou com a pergunta feita por um entrevistador, tomou o celular dele e deixou o plenário com o aparelho na mão. A ausência do vereador abriu espaço para uma manobra da oposição, que resolveu testar a atenção da base governista.
O vereador de oposição havia Israel Russo (União Brasil) apresentado uma emenda ao projeto. Junto com o colega de bancada Leandro Moraes (União Brasil), ele votou contra a própria proposta. A tática era simples: confundir a base governista e fazê-la votar a favor ao perceber que a oposição era contra. Deu certo.
Sem perceber que se tratava de uma jogada, os vereadores governistas, acostumados a votar sempre o contrário da oposição, aprovaram a emenda com votos de “sim”. O resultado foi a aprovação da proposta da oposição — por engano da base.
A emenda aprovada reduz significativamente o alcance da reforma istrativa, permitindo a criação de apenas 7 dos 33 cargos comissionados originalmente propostos. O texto final, com as alterações, acabou foi aprovado, provocando um revés parcial para o Executivo. A despesa pública, ao longo de três anos, será R$ 1,77 milhão menor.
A atitude dos vereadores governistas gerou comentários nos bastidores e nas redes sociais, com críticas à falta de atenção e à polarização automática entre situação e oposição.
Apesar do erro, o resultado é oficial e válido. Os vereadores da oposição comemoraram a manobra bem-sucedida e destacaram a importância de debater os projetos com mais atenção e menos partidarismo.
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