Artigo: sobre aprender com a tecnologia, porém conduzida por Professor

Artigo: sobre aprender com a tecnologia, porém conduzida por Professor

É possível aprimorar a experiência de aprendizagem e garantir que ela complemente, mas não substitua, o olhar humano do professor?, pergunta Geraldo Ramos, CEO da Moises


* Por Geraldo Ramos, CEO da Moises

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Atualmente, ferramentas de inteligência artificial estão presentes em diferentes áreas do cotidiano, das mais diversas pessoas. No setor de educação, isso não é diferente: uma pesquisa realizada pela Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior), em 2024, revelou que 70% dos estudantes utilizam IA na rotina de estudos. Para os professores, essas ferramentas tecnológicas oferecem a possibilidade de personalizar e aprimorar o ensino, introduzindo métodos mais adaptativos e que atendam às necessidades individuais. Essa transformação abre caminhos para o desenvolvimento de novas habilidades - inclusive musicais - tornando o ensino mais ível e envolvente.

No cenário geral da educação, em 2025, a IA tem como maior tendência a personalização do aprendizado, com assistentes virtuais e e aprimorado às EdTechs. Trilhas de ensino com adaptações ao ritmo e necessidades dos alunos visam uma experiência educacional mais eficaz. Para o cenário da música, o uso de inteligência artificial para o aprendizado traz a possibilidade da democratização: a ferramenta permite análise de performances em tempo real; é capaz de identificar erros na execução e oferecer s precisos; além de auxiliar na criação de planos de estudo únicos, alinhados ao ritmo de aprendizado e aos objetivos de cada aluno. No entanto, isso não dispensa o papel fundamental de educadores, que podem contar com a tecnologia como uma auxiliar ao seu trabalho, utilizando-a para complementá-lo e para a otimização de seu tempo.

Ainda segundo dados da Abmes, os maiores benefícios do uso de tecnologia para o aprendizado são, para 53% dos 300 participantes, a possibilidade de aprender a qualquer momento em qualquer lugar; para 50% o o a informações e conteúdos mais atualizados e diversificados; e, para 49%, a melhora na eficiência e rapidez na resolução de dúvidas e problemas. No entanto, apesar dos benefícios, também existem desafios. Entre eles estão a dependência excessiva da tecnologia, a resistência de docentes e as questões de segurança de dados, que ainda precisam ser superadas. Além disso, para que os educadores possam se beneficiar dessas ferramentas, programas de capacitação contínua são essenciais para garantir que a IA complemente, e não substitua, o ensino tradicional - só assim a ideia da promoção de uma educação mais inclusiva e eficiente poderá ser concretizada.

Parcerias entre instituições de ensino e empresas de tecnologia têm sido fundamentais para a implementação eficaz da IA na educação. Entre 2015 e 2019, segundo dados tabulados pela Folha, 170 estudos científicos publicados foram assinados simultaneamente por autores de universidades e de pequenas empresas. Ao tratarmos de companhias maiores, o número se multiplica mais de 10 vezes, atingindo 1848 estudos publicados. Já, em 2023, um artigo publicado na revista Journal of Regional Science apontou mais de 9 mil colaborações entre instituições de ensino e organizações não acadêmicas no Brasil.

A combinação do conhecimento universitário à prática empresarial promove o avanço tecnológico ao mesmo tempo que ajuda a preparar os alunos para os desafios do mercado de trabalho. No universo da música, instituições como a Berklee Online e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) contam com programas e soluções de IA integradas em vários de seus cursos, o que proporciona experiências interativas e práticas. Na UFPB, mais especificamente, o desenvolvimento de novas funcionalidades, por meio de pesquisa aplicada, beneficia tanto a capacitação musical dos alunos, quanto o aprimoramento tecnológico.

Colaborações estratégicas que permitem integrar tecnologias avançadas no ambiente acadêmico são muito interessantes pois familiarizam professores e estudantes à ferramentas inovadoras do mercado, capacitando ambos. Os alunos têm a oportunidade de desenvolver competências práticas, o que facilita o ingresso no mercado de trabalho. Além disso, muitas dessas colaborações contam com programas de estágio e pesquisa, promovendo uma formação mais alinhada às necessidades profissionais atuais.


Trabalho em conjunto

A implementação da IA na educação musical pode atuar como um excelente auxiliar para professores de música de diversas maneiras, sem substituí-los, apenas ampliando suas capacidades didáticas. Softwares e plataformas baseadas em IA que separam faixas de áudio, geram partituras automáticas e oferecem s podem auxiliá-los a preparar algumas aulas e adiantar retornos menos específicos aos alunos, por exemplo. Além disso, elas permitem que os alunos pratiquem de forma mais autônoma e capacita a composição e experimentação musical de maneira mais simples, incentivando a criatividade.

No entanto, é fundamental garantir que essas tecnologias não afastem o aspecto humano da aprendizagem, nem a sensibilidade artística e muito menos a orientação personalizada. O maior desafio a ser enfrentado é a dependência excessiva da IA, que pode levar à padronização do ensino e à redução da interação entre aluno e professor.

É essencial entender que a tecnologia pode e deve atuar como uma das diversas ferramentas de ensino que são benéficas e facilitam o trabalho dos educadores. Contudo, ter um professor que te direcione, troque experiências, ouça verdadeiramente e seja capaz de enxergar de maneira analógica a capacidade de aprendizado, a evolução e as limitações de cada aluno, é algo insubstituível. Para que possam trabalhar em conjunto com a tecnologia, é necessário capacitar os educadores para integrar essas ferramentas de forma estratégica, mantendo o papel central da pedagogia e do olhar crítico no desenvolvimento musical dos estudantes. A implementação de treinamentos contínuos e diretrizes claras para o uso da IA pode garantir que a tecnologia funcione como um e valioso, sem comprometer a essência da experiência musical, mantendo a qualidade e a sensibilidade no ensino da música e de qualquer outra área do conhecimento humano.


* Geraldo Ramos é um empreendedor brasileiro, pernambucano de nascimento e paraibano de criação que está nos EUA desde 2012, trabalhando com tecnologia. Possui vasta experiência e já criou diversas empresas, como a HackHands. Em 2019, Ramos fundou a Music.AI, criadora do aplicativo Moises.AI líder em criação musical com IA, que revoluciona a forma como seus mais de 50 milhões de usuários transformam suas ideias musicais em realidade. Em 2023, também esteve à frente da plataforma B2B da Music.AI, uma das principais provedoras de modelos de IA utilizada por gravadoras, agências, empresas de tecnologia e desenvolvedores.

 

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