'South of Midnight' dá vida e destaca a cultura sulista dos EUA

'South of Midnight' dá vida e destaca a cultura sulista dos EUA

Com visual gótico e trilha marcante, o game encanta com uma narrativa única, mas peca em combates repetitivos e pouco inspirados

“South of Midnight” apresenta um enredo sombrio, estilizado e emocionante, combinando a fantasia gótica do sul dos EUA com o folclore autêntico da região conhecida como Deep South. Desenvolvido pela canadense Compulsion Games, o título oferece uma jornada emocional por cenários pantanosos, criaturas lendárias e traumas profundamente ligados à história de uma comunidade. O jogador assume o papel de Hazel, uma adolescente atlética que descobre ser uma “Weaver”, alguém capaz de manipular a realidade usando fios mágicos. Sua missão começa após um furacão devastar sua cidade e levar sua mãe, mas logo se transforma numa imersão em histórias ancestrais, monstros folclóricos e feridas emocionais difíceis de esquecer.

O enredo é o ponto alto da experiência com o game. A estrutura episódica, junto ao estilo visual, lembra muito títulos como “Psychonauts 2” ou “Alice: Madness Returns”, com histórias curtas e densas que tratam de luto, abuso e preconceito. Hazel é uma protagonista carismática, com um arco de amadurecimento genuíno. A forma como suas roupas mudam conforme ela cresce como pessoa é um detalhe sutil e brilhante.

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Em termos de jogabilidade, os controles são intuitivos, especialmente para quem tem pouca experiência com jogos. Hazel pode correr, pular duas vezes, planar e usar um gancho para se movimentar pelos ambientes. A movimentação é fluida, embora alguns saltos exijam um pouco mais de precisão com o tempo. As habilidades mágicas usadas em combate, como empurrar, puxar ou imobilizar inimigos, têm tempos de recarga que limitam sua aplicação durante as batalhas. A dica aqui é investir nos upgrades que aumentam o tempo de uso e o impacto dessas habilidades, especialmente o *Strand Blast*, que ajuda bastante contra grupos de inimigos.

O visual é imediatamente marcante. A direção de arte aposta em uma estética que lembra animações em stop-motion, com movimentos intencionalmente "quebrados", ou com baixa taxa de atualização e quadros, que ajudam a criar uma atmosfera de conto sombrio. A variedade de cenários — de pântanos à cidade desmoronada inspirada em Nova Orleans — impressiona e mantém o jogador curioso a cada novo capítulo. Em alguns momentos, o estilo visual pode parecer estranho, mas há opções no menu para ajustar isso, inclusive desativando o efeito nos trechos jogáveis.

O som é um espetáculo à parte. As trilhas sonoras são cantadas, com temas próprios para cada espírito ou chefe, e vão ganhando intensidade conforme Hazel avança na história daquele personagem. A música mistura jazz, blues, corais e ritmos tradicionais do sul dos EUA, criando uma ambientação autêntica. Os efeitos sonoros são claros e as vozes, emocionantes, com destaque para o narrador — um peixe-gato gigante que conduz o jogador como se estivesse lendo um livro de fábulas.

A campanha tem uma duração de 10 a 12 horas e oferece poucos motivos para ser jogada novamente, mas o impacto emocional compensa a experiência. Infelizmente, o combate é o ponto mais fraco do jogo. As arenas e lutas são repetitivas, os inimigos têm pouca diversidade e, em níveis de dificuldade médios ou altos, as batalhas podem parecer exageradamente punitivas. Por outro lado, os chefes são marcantes e bem elaborados.

“South of Midnight” é uma ode ao sul dos Estados Unidos, suas histórias orais, suas dores e sua beleza. É um daqueles jogos que ficam na memória mesmo com falhas técnicas. Um raro exemplo de quando a narrativa supera o gameplay.

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico

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