Desafiador, ‘Sinduality’ se destaca ao testar novas ideias
Shooter tático com mechas aposta em exploração punitiva e jogabilidade viciante
Sinduality’: Echo of Ada é um jogo de tiro e extração em terceira pessoa que mistura ação com elementos de sobrevivência e gerenciamento. Nele, o jogador pilota um mecha em missões de coleta e combate num mundo pós-apocalíptico devastado por uma chuva tóxica. A estrutura básica é simples: sair da base, coletar recursos e voltar vivo. Parece direto, mas logo se percebe que o jogo cobra um preço alto por cada o em falso.
Como um bom jogo de tiro e extração, morrer durante uma missão significa perder tudo o que estava no inventário, inclusive equipamentos adquiridos com muito esforço. O jogo exige planejamento cuidadoso antes de cada saída e uma dose generosa de paciência para quem está começando. Seu enredo vai se revelando após muitas horas de jogo, por meio de missões single-player com cenas animadas que aprofundam o universo do jogo e revelam fragmentos de enredo. É uma escolha curiosa, pois obriga o jogador a investir bastante tempo no modo multiplayer antes de ar a campanha narrativa.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O controle dos mechas é funcional, mas um pouco engessado no início. É comum sentir uma leve frustração ao perceber que o robô responde de forma lenta a alguns comandos, especialmente em combates mais intensos. A configuração padrão é suficiente para a maioria das situações, mas ajustar a sensibilidade da câmera e remapear o botão de esquiva para um o mais rápido pode melhorar bastante a experiência. O ritmo das extrações varia de 10 a 30 minutos, dependendo do plano e da sorte do jogador, e é importante ficar atento ao limite de bateria do mecha, que dita o tempo máximo de operação.
Visualmente, Echo of Ada causa uma boa primeira impressão. Os ambientes, ainda que limitados, oferecem cenários entre o alienígena e o desolado, com boa variedade de texturas e uma direção de arte competente. O desempenho é estável no PlayStation 5, sem quedas perceptíveis de frame rate. Há poucas falhas de renderização e bugs, o que é um avanço significativo em relação às versões de teste. O ponto fraco está na repetição de cenários e na escassez de biomas verdadeiramente distintos, o que torna as longas sessões de jogo visualmente monótonas com o tempo.
O som é bem implementado, embora discreto. Os efeitos de tiros e motores são realistas e dão peso às ações. Durante as missões principais, surgem trilhas instrumentais que aumentam a tensão, mas, no restante do tempo, o silêncio predomina. Essa escolha ajuda na imersão e reforça o clima solitário da exploração. Há dublagem em japonês e inglês, com destaque para os diálogos com a Magus, a IA que acompanha o jogador e fornece apoio tático e comentários durante as missões.
A rejogabilidade depende muito do perfil do jogador. O loop de coleta e evolução é repetitivo, mas pode se tornar viciante para quem gosta de sistemas que recompensam a persistência. O e de temporada, o sistema de crafting e a construção da base dão camadas extras de profundidade. No entanto, a progressão é lenta e exige dezenas de horas para desbloquear conteúdos realmente interessantes.
O que funciona bem é o sentimento de conquista após sobreviver a uma extração difícil. O que incomoda é a falta de variedade de inimigos, o ritmo truncado da evolução e a economia do jogo, que se assemelha à de títulos gratuitos, apesar de Sinduality’ ser um jogo pago. Itens cosméticos, upgrades e novos Magus estão muitas vezes trancados atrás de microtransações, o que desagrada.
Echo of Ada é um jogo voltado para um público bastante específico, mas por explorar novas ideias dentro de um gênero ainda bastante experimental, tem um bom potencial de crescimento, embora demande paciência, dedicação e a aceitação de um início pouco acolhedor.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico