Cannes: Paul Mescal e Josh O’Connor congelam em romance melancólico

Cannes: Paul Mescal e Josh O’Connor congelam em romance melancólico

Dirigido por Oliver Hermanus, drama histórico "History of Sound" esfria os ânimos na competição do 78º Festival de Cannes

A produção de elenco de ‘History of Sound’ tinha uma ideia muito sólida, aparentemente, quando escalou Paul Mescal e Josh O’Connor para um romance gay que se a nos anos 1920. Além de estarem em momentos semelhantes de uma carreira ascendente, os atores já foram escolhas perfeitas para personagens tímidos, amorosos e afetuosos.

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Mescal, inclusive, treinou intensamente os músculos para estrelar ‘Gladiador 2’ (2024), mas muitas reações perceberam que sua doçura nata não era compatível com tamanha violência. Por isso ele brilhou tanto em filmes como ‘Aftersun’ (2022) ou 'Todos Nós Desconhecidos' (2023). Assim com O’Connor, muito bem encaixado em histórias bucólicas como ‘La Chimera’ (2023) e ‘O Reino de Deus’ (2017).

Na trama desse romance de época, Lionel e David são homens delicados e quietos, lidando até bem com o segredo de serem atraídos um pelo outro num século ainda tão repressor nas discussões sobre sexualidade. Na primeira noite que se veem, já dormem juntos. Antes disso, a cena do encontro é o que esse filme tem de mais bonito: Lionel é subitamente atraído por uma música familiar, cantada despretensiosamente por um homem charmoso que está sobre o piano.

“Não consigo cantar assim, sem ninguém estar ouvindo”, Lionel responde quando David quer ouvir sua voz. Então ele pede silêncio do bar inteiro e Lionel canta, envergonhado, mas sorrindo, de olhos fechados. Sentado, David o observa com um profundo olhar de carinho. É uma cena tão pequena, mas tão charmosa e cheia de paixão, que convence o laço súbito de afeto entre dois desconhecidos.

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Baseada no livro homônimo de Ben Shattuck, o roteiro tenta lidar com uma densidade nunca explorada, propriamente. Na trama, Lionel e David viajam juntos pelo interior dos EUA para gravar canções folk que existem apenas na cultura popular, atravessando o tempo por meio dessas famílias fora da esfera comercial. A trajetória de dois homens que, de repente, aceitam que estão apaixonados e cortam florestas atrás de sons perdidos pelo vento, é fascinante.

O filme que existe depois disso, no entanto, não consegue dar qualquer gravidade ao fato deles terem os destinos cruzados. Sem nenhum esmero especialmente visual ou até mesmo sonoro, o jeito que o filme constrói a distância e a saudade, recorrendo a uma narração constante e anticlimática, não ajuda em nada. Aquela história tão natural e tocante se transforma em algo protocolar e até bastante apático.

Dramas gays com encontros, desencontros e conflitos sentimentais é o que não falta na filmografia do mundo. Diante disso, Oliver Hermanus inventa muito pouco para fazer com que seu filme consiga ter um grau palpável de emoção. Paul Mescal e Josh O’Connor, pelo menos, funcionam muito bem quando estão juntos, o que dá sobrevida a um filme que não faz questão de fazê-los respirar.

A cobertura do O POVO no 78º Festival de Cannes segue até o dia 24 de maio.

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