Morre Divaldo Franco; saiba quem foi um dos maiores líderes espíritas do Brasil
O líder espírita tinha mais de 260 obras publicadas e mais de 10 milhões de exemplares vendidos. Veja mais sobre a vida do baiano e sua trajetória na mediunidade
O médium e líder espírita brasileiro Divaldo Franco morreu nessa terça-feira, 13, aos 98 anos. Em novembro de 2024, Divaldo foi diagnosticado com um tumor em fase inicial na região da bexiga, após sentir desconfortos urinários.
O óbito foi constatado às 21h45min, quando Divaldo estava em sua casa, na sede da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima em Salvador (BA). Ele recebia atendimento na modalidade home care.
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O velório será realizado no Ginásio da Mansão do Caminho, das 9 horas às 20 horas, nesta quarta-feira. Divaldo será sepultado na quinta-feira, às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.
Divaldo Franco: vida dedicada à caridade e à espiritualidade
Nascido em Feira de Santana (BA) em 5 de maio de 1927, Divaldo iniciou sua trajetória mediúnica ainda jovem.
Em 1952, fundou, ao lado de Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho, instituição que acolheu e educou milhares de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Na década de 1960, ele começou a construir escolas, oficinas profissionalizantes e atendimento médico dentro da Mansão, o que transformou a entidade em um grande complexo preparado para assistir diversas necessidades das crianças carentes.
Quantos filhos tem Divaldo Franco?
Divaldo dedicou mais de 70 anos ao espiritismo. Ele não deixou filhos biológicos, mas era reconhecido como pai de cerca de 685 pessoas que acolheu e instruiu ao longo dos anos na entidade espírita.
Como estava a saúde de Divaldo Franco?
Há um mês, em 14 de abril, a Mansão do Caminho e o Centro Espírita Caminho da Redenção comunicaram que o quadro de saúde do médium Divaldo Franco era delicado e estava sendo acompanhado com todo o cuidado necessário.
“Após finalizar o tratamento contra um câncer de bexiga, Divaldo retornou para sua casa em bom estado de saúde e com ótimas notícias sobre a remissão da doença, porém ou a apresentar um quadro de saúde relativamente comum para um idoso de 97 anos, com dificuldade para manter a hidratação e alimentação adequadas”, apontou o comunicado.
Diante disso, a equipe médica optou pela instalação de uma sonda gástrica, por onde foram ofertados os nutrientes e líquidos necessários. “O médium segue se recuperando em sua residência, está lúcido, recebendo acompanhamento multidisciplinar e afastado de suas atividades cotidianas.”
Em 5 de maio, o médium completou 98 anos.
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Divaldo Franco: primeiro contato com o espiritismo
O médium era o mais novo de 13 filhos de Francisco e Anna Franco, sendo que cinco irmãos faleceram antes de seu nascimento. Durante a gravidez, aos 44 anos, sua mãe ouviu de um médico que deveria abortar, pois o filho nasceria “anormal”, conselho na qual recusou.
Aos 4 anos, Divaldo teve uma das primeiras manifestações espirituais: viu uma senhora que lhe pediu para entregar um recado à sua mãe, dizendo-se chamada Maria Senhorinha.
Sem estranhar, o menino transmitiu o recado, mas Anna Franco reagiu incrédula: tratava-se de sua própria mãe, falecida no parto dela e que ela jamais conheceu.
Desde a infância, os contatos espirituais foram marcados por sofrimento e medo. Ainda pequeno, começou a ter visões de espíritos e ou a ser perseguido por um espírito vingativo, a quem chamava de “Máscara-de-Ferro”.
Com o tempo e inúmeras experiências sobrenaturais, Divaldo Franco aprendeu a compreender e lidar com sua mediunidade, transformando as experiências dolorosas da infância em missão de amor e caridade.
Divaldo Franco: livros e reconhecimento mundial
Divaldo era denominado de embaixador da paz. Ao longo da vida, ministrou mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2.500 cidades e em 71 países.
O líder espírita era escritor e abordava em seus livros essencialmente temas espirituais. Tinha mais de 260 obras publicadas e mais de 10 milhões de exemplares vendidos. Parte dos lucros das publicações sempre foi destinada a obras assistenciais.
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Divaldo Franco era o 'novo Chico Xavier'?
Conhecido em todo o estado da Bahia, Divaldo Franco era citado como o "novo Chico Xavier" por alguns espíritas, mas já revelou que não era exatamente assim.
"Para mim, ele é um grande mestre. Não me sinto um continuador do trabalho dele, mas me sinto como alguém envolto, como ele, da propaganda do espiritismo. Ele era 'ór concur' pela sua irradiação de amor e paz. Por isso, ele foi para mim um grande mestre", defendeu Franco, em 2019, para o Jornal do Brasil.