Estudo detecta alta incidência de bactéria infecciosa em carne de frango e queijos
Pesquisa brasileira identificou a Listeria monocytogenes em 7,3% das amostras analisadas; carne mecanicamente separada de frango apresentou contaminação em 84% dos casos
Um estudo publicado nesta sexta-feira, 16, na revista Ciência Rural identificou a presença da bactéria patogênica Listeria monocytogenes em 7,3% de amostras de alimentos como queijos, carnes de frango e embutidos.
O dado mais alarmante foi a contaminação em 84% das amostras de carne mecanicamente separada de frango — matéria-prima comum em alimentos processados.
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A pesquisa foi conduzida por especialistas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ceres (GO).
Foram analisadas 248 amostras de carnes, laticínios, miúdos e equipamentos industriais em sete estados brasileiros. A detecção da bactéria foi feita por meio de dois métodos laboratoriais: Real-Time PCR (teste genético) e VIDAS LMO 2 (ensaio imunológico automatizado).
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Apesar da presença da bactéria nos alimentos, os equipamentos industriais, como embutidoras, desossadoras, tanques e prensas, não apresentaram contaminação.
“Nos surpreendeu a ausência da bactéria nas amostras de equipamentos, considerando registros frequentes em outras partes do mundo”, afirmou Daniel Lucino, pesquisador da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp e um dos autores do estudo.
Entenda a bactéria da pesquisa
A Listeria monocytogenes causa a listeriose, uma infecção alimentar rara, mas grave, especialmente em grupos de risco como gestantes, recém-nascidos, idosos e imunocomprometidos.
Nos Estados Unidos, estima-se que ocorram 1.600 casos por ano, resultando em mais de 260 mortes. No Brasil, a doença é subdiagnosticada e subnotificada, e não há registros oficiais do Ministério da Saúde.
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Hoje, a legislação brasileira estabelece padrões microbiológicos apenas para produtos prontos para o consumo. Para Lucino, os resultados indicam a necessidade de ampliar essa fiscalização. “Produtos como embutidos devem ser incluídos nas categorias com exigências microbiológicas definidas”, defendeu o pesquisador.
O grupo ainda aguarda a publicação de um segundo estudo, que investigou a presença da Listeria em matadouros e frigoríficos de bovinos. A expectativa é que as novas evidências contribuam para políticas públicas sanitárias mais eficazes e baseadas em dados nacionais.