Fumaça preta na 2ª votação: papa ainda não foi escolhido

Fumaça preta na 2ª votação: papa ainda não foi escolhido

No segundo dia de conclavem nesta quinta-feira, 8, fumaça preta se eleveou na Praça de São Pedro. Haverá novas votações ainda hoje

Densa fumaça preta se elevou nesta quinta-feira, 8, da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina, sinal de que os 133 cardeais reunidos no templo não conseguiram definir o novo papa.

As milhares de pessoas reunidas ao meio-dia (7 horas em Brasília) na Praça de São Pedro receberam com aplausos e decepção a segunda fumaça preta do conclave, depois da primeira votação na quarta-feira. Os cardeais devem votar novamente à tarde para escolher o sucessor de Francisco.

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Os participantes do conclave estão reunidos na Capela Sistina, no Vaticano, desde a quarta-feira, 7, e ficarão em isolamento até que o novo papa seja escolhido.

Conclave incerto

Os dois últimos conclaves, que resultaram nas eleições de Bento XVI em 2005 e do primeiro papa latino-americano em 2013, terminaram em apenas dois dias, com quatro e cinco rodadas de votação respectivamente.

Mas desta vez a decisão dos cardeais, guiados segundo a tradição pelo Espírito Santo, parece mais complicada. O pontificado de Jorge Mario Bergoglio gerou divisões consideráveis dentro da Igreja.

O argentino criou quase 80% dos cardeais eleitores, mas agora os "bergoglistas", que defendem uma visão mais aberta da Igreja, e os conservadores precisam chegar a um acordo para a eleição do 267º pontífice.

A maioria exigida é de 89 votos, que correspondem a dois terços dos sufrágios. "A hora de escolher", afirma a manchete do jornal italiano La Stampa nesta quinta-feira.

Sucessão na Igreja

A morte do papa Francisco, aos 88 anos, deu início a uma série de rituais que culminarão na escolha de seu sucessor por meio do conclave, reunião dos cardeais eleitores no Vaticano.

O funeral do jesuíta argentino aconteceu em 26 de abril, e o processo de sucessão foi liderado pelo camerlengo, cardeal Kevin Farrel, responsável por istrar a Santa Sé durante a vacância.

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Conclave: o que acontecerá quando o papa for eleito?

Quando um nome atinge a maioria necessária, o cardeal decano pergunta ao eleito se aceita a responsabilidade.

Ao responder positivamente, ele escolhe o nome pelo qual será conhecido, uma tradição que remonta ao século VI. Em seguida, ocorre a apresentação pública do novo pontífice com a famosa frase “Habemus Papam”, do balcão da Basílica de São Pedro.

O nome escolhido costuma homenagear santos ou pontífices anteriores, revelando intenções simbólicas para o novo pontificado. 

Como funciona o conclave?

A eleição do papa acontece em sessões fechadas, chamadas de conclave, nas quais apenas cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto. Durante o processo, os participantes ficam isolados e sem comunicação com o mundo externo.

Bloqueadores de sinal são instalados e, para manter a tradição, a comunicação visual sobre o andamento das votações é feita por meio da fumaça que sai da Capela Sistina: preta quando não há consenso, branca quando um novo papa é escolhido.

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Quem são os principais cotados para ser o novo papa?

Um total de 133 cardeais com menos de 80 anos votaram na eleição do novo sumo pontífice. Há diplomatas, homens do campo, teólogos e mediadores.

Segundo a AFP, dezesseis se destacam entre os "papabili", os papáveis.

Pietro Parolin (Itália), nº 2 do Vaticano, 70 anos

O experiente diplomata foi secretário de Estado — nº 2 do Vaticano — durante quase todo o pontificado de Francisco e é uma figura de destaque no cenário internacional.

Como membro do Conselho de Cardeais, desempenhou um papel fundamental na , em 2018, de um acordo histórico entre a Santa Sé e a China sobre a nomeação de bispos.

Luis Antonio Tagle (Filipinas), 67 anos

O ex-arcebispo de Manila é um figura moderada que não hesitou em criticar as falhas da Igreja católica, sobretudo em casos de pedofilia. Como Francisco, é um defensor dos pobres, migrantes e pessoas marginalizadas, a ponto de ser chamado de "Francisco asiático".

Este homem carismático de aparência jovial e sorriso fácil, apelidado de "Chito", foi criado cardeal por Bento XVI em 2012. Ele estava entre os "papáveis" no conclave de 2013.

Pierbattista Pizzaballa (Itália), patriarca latino de Jerusalém, 60 anos

Conhecedor do Oriente Médio, este franciscano e teólogo italiano fala hebraico e inglês e chegou em Jerusalém em 1999.

Em setembro de 2023, tornou-se o primeiro patriarca de Jerusalém em exercício — a principal autoridade católica do Oriente — a ser criado cardeal. Um mês depois, eclodiu a guerra entre o movimento islamista palestino Hamas e Israel. Seus repetidos apelos por paz o colocaram em destaque.

Matteo Maria Zuppi (Itália), arcebispo de Bolonha, 69 anos

Este discreto e experiente diplomata realiza missões de mediação política no exterior há mais de 30 anos. Membro da Comunidade Romana de Santo Egídio, braço diplomático não oficial da Santa Sé, foi mediador em Moçambique e enviado especial do papa Francisco para a paz na Ucrânia.

Com o rosto jovial e figura esguia, é muito popular na Itália por seu trabalho com os desfavorecidos. Além disso, defende o acolhimento de migrantes e a permanência dos fiéis homossexuais na Igreja.

Jean-Marc Aveline (França), arcebispo de Marselha, 66 anos

Aveline nasceu na Argélia em uma família de "pieds-noirs" — europeus, sobretudo ses, que residiam na Argélia durante o período colonial — de origem andaluz e ou a maior parte da vida em Marselha.

Em 2013, tornou-se bispo auxiliar desta cidade portuária sa, de onde defende o diálogo inter-religioso e os migrantes, dois pilares do pontificado de Francisco.

Eleito presidente da Conferência Episcopal sa no início de abril, ele foi o arquiteto da principal visita do papa sul-americano a Marselha em 2023.

Anders Arborelius (Suécia), bispo de Estocolmo, 75 anos

Este luterano sueco se converteu ao catolicismo em um país predominantemente protestante, mas também um dos mais seculares do mundo.

Primeiro bispo católico de nacionalidade sueca, foi criado cardeal por Francisco em 2017 e é membro de vários dicastérios.

Mario Grech (Malta), bispo de Gozo, 68 anos

O bispo de Gozo, a segunda maior ilha do arquipélago de Malta, desempenhou um papel fundamental durante o sínodo sobre o futuro da Igreja, convocado por Francisco.

Grech foi secretário-geral desta assembleia de bispos, que deliberou sobre temas cruciais, como o lugar das mulheres e os divorciados casarem-se novamente.

Péter Erdö (Hungria), arcebispo de Budapeste, 72 anos

Este rígido intelectual, que fala sete idiomas, é irado por seus conhecimentos teológicos e sua abertura a outras religiões.

Fervoroso defensor do diálogo com os cristãos ortodoxos, também direciona atenção especial à comunidade judaica. Tem opiniões muito conservadoras sobre os casamentos de divorciados e casais homoafetivos.

José Tolentino de Mendonça (Portugal), 59 anos

Teólogo e poeta português, este prelado próximo ao mundo cultural é titular desde 2022 do dicastério (ministério) de Cultura e Educação do Vaticano.

O mais novo de uma família de cinco filhos, foi criado cardeal em 2019 pelo papa Francisco. Classificado entre os progressistas dentro da Igreja, suas posições sobre a acolhida dos homossexuais rendem a hostilidade de uma parte dos católicos conservadores.

Cristóbal López Romero (Espanha), arcebispo de Rabat, 72 anos

O cardeal espanhol, herdeiro espiritual de Francisco sobre os migrantes e o diálogo inter-religioso, é um símbolo das "periferias" iradas pelo jesuíta argentino.

Nomeado arcebispo de Rabat em dezembro de 2017 por Francisco e criado cardeal em 2019, istra diariamente o diálogo com o islã em um país que tem uma comunidade católica minúscula.

Charles Maung Bo (Mianmar), arcebispo de Yangon, 76 anos

O presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia foi nomeado cardeal em 2015, tornando-se o primeiro e único de Belarus.

O salesiano pediu diálogo e reconciliação em seu país, devastado por conflitos. Após o golpe de Estado militar em 2021, pediu aos manifestantes da oposição que não reproduzissem a violência.

Membro de uma minoria étnica, ele defendeu os rohingya, perseguidos de maioria muçulmana. Também se manifestou contra o tráfico de pessoas, que atrapalha a vida de muitos jovens em Belarus.

Malcolm Ranjith (Sri Lanka), arcebispo de Colombo, 77 anos

Este conhecedor das engrenagens da Igreja Católica é um poliglota superdotado, considerado um conservador próximo das posições do papa Bento XVI.

Nomeado núncio apostólico (embaixador) em 2004 por João Paulo II, foi criado cardeal em 2010 por Bento XVI. Ele não se pronunciou publicamente sobre os temas mais importantes da atualidade da Igreja, como as mulheres itidas no papel de diácono ou a bênção dos casais.

Peter Turkson (Gana), 76 anos

Turkson, um dos cardeais africanos mais influentes, é frequentemente visto como o favorito para se tornar o primeiro papa negro da Igreja.

Nascido em uma família modesta de 10 filhos, fala seis idiomas e esteve no Fórum Econômico Mundial em Davos em várias ocasiões para alertar os líderes empresariais sobre os perigos da economia.

Fridolin Ambongo (República Democrática do Congo), 65 anos

O congolês Fridolin Ambongo, uma importante voz do movimento pacifista em seu país natal, marcado por décadas de violência, pode receber votos dos cardeais conservadores. Ele assinou uma carta em 2024 contra a autorização de Francisco à bênção de casais homoafetivos.

Arcebispo de Kinshasa desde 2018 e cardeal desde 2019, também é membro do "C9", o conselho de nove cardeais encarregado de aconselhar o papa sobre a reforma da Igreja. "A África é o futuro da Igreja, isso é óbvio", disse ele em uma entrevista em 2023.

Robert Sarah (Guiné), 79 anos

Figura de destaque entre os católicos tradicionalistas críticos de Francisco, este homem reservado é conhecido por suas posições muito conservadoras sobre imigração e homossexualidade.

Ele chamou de "heresia" o texto da Santa Sé que abriu o caminho, em 2023, para a bênção de casais homossexuais. Integrou o grupo de cinco cardeais conservadores que pediu publicamente ao papa Francisco para reafirmar a doutrina católica sobre os casais homossexuais e a ordenação de mulheres.

Robert Francis Prevost (Estados Unidos), 69 anos

Natural de Chicago, tornou-se prefeito do poderoso Dicastério para os Bispos, encarregado de nomear bispos em todo o mundo, em 2023.

Prevost foi missionário no Peru e, anos depois, foi nomeado arcebispo emérito de Chiclayo, no país andino. Ele também é o presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

O que causou a morte do papa Francisco?

Década de 1950

Quando jovem, Jorge Mario Bergoglio sofreu de pleurisia (inflamação da pleura) e teve parte de um dos pulmões removida.

Julho de 2021

Papa foi submetido a uma cirurgia no cólon para tratar diverticulite. Parte do intestino foi retirada. Ele ou 10 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma.

Março de 2023

É internado com dificuldades respiratórias e diagnosticado com bronquite infecciosa. Recebeu tratamento com antibióticos e teve rápida recuperação.

Junho de 2023

Francisco voltou a ser hospitalizado e a nove dias internado após nova cirurgia abdominal, a segunda na região em dois anos.

14 de fevereiro de 2025

Papa foi internado com quadro de bronquite. Diagnóstico inicial evoluiu para uma infecção polimicrobiana, atingindo os dois pulmões e exigindo oxigenoterapia, transfusões de sangue e cuidados intensivos.

23 de março de 2025

Recebeu alta após 38 dias de internação no Hospital Gemelli. Vaticano informou que a recuperação seria lenta e com acompanhamento médico diário.

Semana de 14 a 20 de abril de 2025

Papa reduziu uso de oxigênio, realiza fisioterapia respiratória e de fala. Vaticano disse que ele apresentou leve melhora, mas ainda inspirave cuidados.

20 de abril de 2025 (Domingo de Páscoa)

Fez aparição pública na Praça de São Pedro. Acenou da varanda, pediu que um assessor lesse sua mensagem e circulou brevemente no papamóvel.

21 de abril de 2025 – 2h35min (horário de Brasília)

Papa Francisco morreu no Vaticano, aos 88 anos. Conforme o Vaticano, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame, seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.

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