Bolsonaro ficou incomodado com elogios e acenos de André Fernandes a Ciro Gomes
O deputado federal André Fernandes (PL) afirmou que o partido poderia abrir mão da cabeça de chapa do Governo para o ex-presidenciável, que seria um "candidato fortíssimo"
A aproximação do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) com o bloco de oposição no Ceará, incluindo o grupo bolsonarista, tem mexido com a política local e repercutido nacionalmente. Tal movimentação chegou ao núcleo alto do PL em Brasília, incluindo Jair Bolsonaro, e não foi bem recebida, causando incômodo e irritação, segundo apuração do O POVO.
Ciro declarou a intenção em votar em Alcides Fernandes (PL), alçado a pré-candidato a senador pelo ex-presidente. No que André Fernandes (PL) afirmou que o PL estaria disposto a abrir mão da cabeça de chapa da candidatura ao Governo para o ex-governador, que seria um "candidato fortíssimo", além de chamá-lo de "preparado e inteligente".
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Ciro é desafeto antigo de Bolsonaro e Valdemar
Bolsonaro não gostou da condução do processo. Ele enxerga que o PL deve ser o protagonista nas articulações e discutir a possibilidade de receber aliados, e não abrir mão de forma imediata sem antes dialogar nacionalmente. A candidatura de Alcides, pai de André, ao Senado foi discutida anteriormente, mas as tratativas com o nome de Ciro ao Governo, não.
Além disso, ex-presidenciável tem um histórico de duras críticas ao ex-presidente, já tendo o chamado de "bandido", "picareta", "imbecil", dentre outras falas, o que torna os acenos positivos ao pedetista algo incômodo dentro da cúpula bolsonarista.
Em encontro com deputados da oposição, Ciro Gomes afirmou que o momento e a aliança era pra "salvar o Ceará" e que as diferenças terão que ser tratadas perante a população, mas destacou que a nível nacional, algumas diferenças são "incontornáveis". No encontro, Ciro ressaltou que as diferenças em nível nacional são "inconciliáveis", embora haja aproximação no Ceará.
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Ciro Gomes também é desafeto antigo do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que tem processos na Justiça contra Ciro Gomes por ter sido acusado de corrupção. O núcleo alto do partido, como Valdemar e Bolsonaro, em Brasília se incomodou com os acenos a um possível apoio a candidatura do pedetista por parte de André Fernandes, e possui resistência ao nome do pedetista por estes embates.
A sigla bolsonarista já estava em boas articulações e conversas com outros partidos para que o grupo tenha um candidato forte pelo bloco da oposição contra o PT no Ceará, como União Brasil e PP, que irão se federar. O postulante favorito seria o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que deve deixar o PDT em breve.
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Partido de Ciro entrou com ação que tornou Bolsonaro inelegível
Além das críticas e embates entre Ciro e parte do bloco do PL, partiu do partido do ex-presidenciável, o PDT, a ação que tornou Bolsonaro oito anos inelegível com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na época, o pedetista celebrou.
"Fez-se justiça ! Quando nós do PDT pedimos providências ao TSE , queríamos proteger a democracia e punir o abuso de poder político praticado por Bolsonaro. Bolsonaro inelegível por império da lei", declarou em 2023 após a setença.
Após 2024, Bolsonaro disse que conversaria com Ciro
Logo após as eleições de 2024, Bolsonaro confirmou que Ciro Gomes apoiou André Fernandes para prefeito de Fortaleza no segundo turno, ocasião em que foi derrotado por Evandro Leitão (PT) por menos de 11 mil votos.
Na ocasião, o ex-presidente disse que não chegou a conversar com o ex-governador do Ceará, mas que estaria aberto a possibilidade.
"Não cheguei a conversar com ele (Ciro). Eu tenho curiosidade de conversar com ele um dia. Não sei se ele vai querer conversar comigo, mas conversaria com ele sem problema nenhum", declarou.