Cannes: Joaquin Phoenix e Pedro Pascal eletrizam faroeste satírico sobre EUA

Cannes: Joaquin Phoenix e Pedro Pascal eletrizam faroeste satírico sobre EUA

Na competição pela Palma de Ouro, "Eddington" envolve plateia do Festival de Cannes com tragicomédia confusa sobre os EUA pós-Trump

Quem esperava ansioso por um primeiro “grande momento” nesta edição do Festival de Cannes, talvez tenha encontrado em “Eddington”, novo filme de Ari Aster que estreou nesta sexta-feira, 16. Muito diferente dos seus filmes anteriores, principalmente dos terrores "Hereditário" (2018) e "Midsommar" (2019), agora ele se fantasia de faroeste contemporâneo. Se a trama começa enguiçada na contextualização política de uma pequena cidade no interior dos EUA, mais adiante sabe o momento certo de explodir.

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Repetindo sua parceria com o diretor, Joaquin Phoenix interpreta Joe Cross, xerife que tem um conflito de poder com o prefeito Ted Garcia, vivido pelo astro latino-americano do momento, Pedro Pascal, atualmente em cartaz na série “The Last of Us”. Para dar um tom moderno e “humorado” a um formato tradicionalmente conservador, Aster constrói uma reação de causa e consequência ligada diretamente com a “realidade virtual” das redes sociais.

A trama se a durante a pandemia de Covid-19, ampliada no contexto de protestos digitais que tomaram as mídias, como o Black Lives Matter. O xerife, obviamente, é alheio a essas revoluções e as descredibiliza totalmente. O que ele não poderia supor é o jeito como tudo isso, eventualmente, voltaria como uma avalanche incontornável.

"Eddington" envolve plateia de Cannes

Embora seja um filme desengonçado, principalmente porque a história gira em círculos para se encaixar em diversas discussões hipócritas de classe e raça feitas por uma juventude alienada, a direção engata no clímax quando se transforma num filme de ação até bastante visceral. Como um contraponto que prepara terreno para essa crueldade, o poder policial da cidade incentiva o armamento civil como uma resposta imediata – nada mais EUA do que isso.

ado o impacto do fim da sessão, no entanto, também é possível perceber certa bobagem redundante no vazio de cada um dos seus personagens – especialmente aqueles que pouco têm a dizer. Emma Stone e Austin Butler, que o digam, o que faziam mesmo ali?

Ari Aster não esconde que “Eddington” é só de Joaquin Phoenix mesmo. Ele começa numa caricatura próxima até dos desenhos animados, mas vai ganhando gravidade à medida que sua persona, ora tão segura, vai se deixando levar pelo pavor. No seu momento mais vulnerável é que podemos ver - e sentir - o grande ator que está ali embaixo.

Se o contexto dessa sátira sobre uma “América Trumpista” engatar bem na crítica e com o público americano, pode até ser que vejamos Phoenix novamente na busca por um Oscar. Por outro lado, também pode ser que esse filme se torne apenas uma longa e irritante piada sobre si.

Diferente da maioria dos filmes na competição pela Palma de Ouro, este já tem data de estreia mundial: “Eddington” chega aos cinemas no dia 18 de julho. O 78º Festival de Cinema de Cannes segue até o dia 24 de maio com cobertura exclusiva do O POVO.

 

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