Sete réus são condenados a mais de 200 anos; caso envolvia racha de facção
Os réus foram julgados por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e participação em organização criminosa com delitos que aconteceram em fevereiro de 2022 em Fortaleza
Sete réus foram condenados no Ceará, pela Justiça Estadual, e receberam que somaram mais de 200 anos de prisão. Eles foram julgados pela morte de Júlio Cesar Arcanjo da Silva Lima, crime ocorrido no dia 19 de fevereiro de 2022 em Fortaleza, e por atentarem contra a vida de outro homem na mesma ocasião.
O caso teve relação com uma sequência de dez homicídios registrados à época, num intervalo de três dias, em bairros da mesma região da Capital, após racha entre membros da facção local Guardiões do Estado (GDE).
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Os crimes apontados foram homicídio qualificado, tentativa de homicídio e participação em organização criminosa. A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) foi acatada integralmente pelo tribunal do júri. O julgamento foi realizado na última quarta-feira, 14 de maio.
LEIA MAIS | Suspeitos de assalto são presos e 12 celulares encontrados no Ancuri
Na denúncia, a promotoria de justiça detalhou que quatro dos denunciados abordaram as vítimas e realizaram disparos de arma de fogo. O ataque aconteceu na comunidade Jagatá, no Conjunto Palmeiras. As vítimas foram socorridas, mas Júlio César, que tinha 19 anos, não sobreviveu aos ferimentos.
Além dos quatro réus que participaram do delito presencialmente, os autos comprovaram a participação dos outros três homens no planejamento do crime. Segundo a tese do MPCE, a motivação foi torpe, por rivalidade interna da organização criminosa, e com o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Relembre o caso que motivou a condenação dos sete réus
Francisco Gerlisson Martins Silva, à época com 16 anos, foi abordado no bairro Jangurussu, na Capital, por criminosos e perguntado se ele pertencia à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) ou se havia rachado. A vítima respondeu que era "das áreas". Logo, os bandidos atiraram contra ele e fugiram. O adolescente morreu no local. O assassinato aconteceu meia hora após a morte de Júlio Cesar Arcanjo da Silva Lima.
Segundo reportagem do O POVO, os casos de Gerlisson e de Arcanjo estavam entre os dez homicídios registrados somente em fevereiro de 2022 que, conforme investigações da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), tiveram relação com um racha na GDE. Além do Jangurussu, a dissidência também foi observada em bairros como Ancuri, Conjunto Palmeiras e São João do Tauape.
Conforme a Polícia Civil, a divisão aconteceu após chefes da facção decidirem deixar o grupo e estabelecer uma aliança com o Terceiro Comando Puro (T). A facção criminosa originária do Rio de Janeiro tentava se instalar no Estado e estava recrutando novos integrantes e buscando territórios locais.
Linha do tempo dos homicídios registrados pelo racha na GDE, em 2022
- 16 de fevereiro de 2022
20 horas
Rua Leila Diniz, 164 — Jangurussu
Josenildo Marques Palhano, o “Sal”, de 33 anos
O primeiro assassinato desse ciclo de violência teve como vítima um homem apontado como liderança da GDE no conjunto Maria Tomásia. Josenildo teria assumido o controle da quadrilha após o seu irmão, Emanoel Marques Palhano, ser preso. Conforme a Polícia Civil, Boladão, Véi e Argentino ordenaram a execução direto do Rio de Janeiro. O trio e Diogo ngelo Ferreira Bezerra foram denunciados pelo Ministério Público pelo homicídio. Júlio Cesar Arcanjo da Silva Lima também teria participado do crime, mas viria a ser morto dias depois.
20h20min
Residencial Luis Gonzaga — Jangurussu
Francisco Onofre Gomes Menezes, de 32 anos
Cerca de 20 a 30 minutos após a morte de Sal, Francisco Onofre foi morto a tiros no condomínio Luiz Gonzaga no que pode ter sido uma retaliação por aquele crime. Conhecido como André, ele também seria integrante da GDE. Nenhum suspeito deste crime foi preso.
- 17 de fevereiro de 2022
15 horas
Rua Verde, 44 – Ancuri
Velasquez Freires Lopes, de 17 anos
Também é apontado como integrante da GDE pela Polícia Civil. Nenhum suspeito deste crime foi preso.
17h23min
Rua Nilo Firmeza, 357 – Conjunto Ademir Martins — Jangurussu
João Batista Lima, de 21 anos
Morto com nove tiros, sendo seis na cabeça, em crime ocorrido no Conjunto Ademir Martins. Nenhum suspeito deste crime foi preso.
- 18 de fevereiro de 2022
17 horas
Rua Sousa Pinto – Alto da Balança
Airton da Silva Defino, o Boca, de 27 anos; Yuri da Silva Souza, o Testa, de 21 anos; Eduardo Beserra do Nascimento, o Dudu, de 18 anos; e Cauê Silva da Paz, de 16 anos.
A chacina no Lagamar. Vítimas seriam ligadas a Felipe Bruno Nunes Pereira, o Boladão. Ao todo, as vítimas foram atingidas por mais de 70 disparos. Oito suspeitos foram identificados, mas ninguém foi preso até o momento.
- 19 de fevereiro de 2022
14h10min
Comunidade Jagatá – Conjunto Palmeiras
Júlio Cesar Arcanjo da Silva Lima, o “Beijim”, de 19 anos (caso citado nesta matéria que resultou na condenação de sete réus, com penas de mais de 200 anos)
Aparece em um vídeo que registra os autores do assassinato de Sal. Conforme a Polícia Civil, Júlio Cesar já havia dito para algumas pessoas que estava “decretado”. Seis suspeitos foram identificados por participação no crime. Entre os executores estava um homem que seria amigo dele, mas foi obrigado a matá-lo como prova de lealdade. Na mesma ação, um outro homem ficou ferido. Ambas as vítimas seriam integrantes da GDE.
14h40min
Rua Nara Leão, 212 — Jangurussu
Francisco Gerlisson Martins Silva, de 16 anos
Morto por quatro homens que desceram de um carro preto e perguntaram à vítima de qual “lado” ele era. Conforme a Polícia Civil, a vítima era integrante da GDE, mas queria fugir do bairro por não se sentir seguro após a morte de Sal. Testemunha afirmou que, após a morte de Sal, o bando de Formiga buscou vingar-se matando qualquer pessoa que demonstrasse ter vínculo com Argentino e Véi, o que era o caso de Gerlisson.
Denúncias
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) reforça que a população pode contribuir com as investigações reando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
E-Denúncias: disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br
ASSISTA: Guerra Sem Fim (Série Documental - 1ª Temporada) | Trailer O POVO+
VEJA AINDA
- ‘TH da Maré’: Quem é o chefe de facção morto em operação da PM no Rio | O POVO News
- Ataque de facção: 90% dos clientes ficam sem internet em cidade no interior do Ceará
- GDE: como nasce uma facção criminosa? | Guerra Sem Fim (2ª Temporada) | Trailer O POVO+
Leia mais
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente